DESIGUALDADE SOCIAL

Aids no Brasil: estudo revela que pobres e negros têm mais chances de adquirir síndrome

Indicadores de desigualdade socioeconômica exibem relação direta entre incidência e mortalidade da doença

Número de casos de Aids registrados cresceu 15% entre 2020 e 2021, segundo Ministério da Saúde.Créditos: Agência Brasil
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Um estudo realizado por universidades da Bahia em colaboração com a Fiocruz e outras universidades da Espanha, Estados Unidos e Reino Unido visou avaliar indicadores sociais em casos de morbidade e mortalidade de Aids. Renda, cor/etnia e acesso à educação foram os principais fatores analisados.

O trabalho analisou cerca de 28,3 milhões de pessoas que fazem parte da população de baixa renda, durante nove anos, de 2007 a 2015. Em relação aos indicadores de cor/etnia, 57,5% são pardos, 34,1% brancos/asiáticos, 8% negros e 0,6 indígenas. Do total, 53% são mulheres, número equivalente a quase 15 milhões.

O estudo foi liderado pela UFBA (Universidade Federal da Bahia), UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana), UNEB (Universidade Estadual da Bahia) e o CIDACS (Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde).

Conceitos da epidemiologia

A morbidade se refere às pessoas que adquiriram uma determinada doença na população e mostra o comportamento das doenças. A prevalência e a incidência da enfermidade estão diretamente ligados ao conceito de morbidade

Por sua vez, a mortalidade diz respeito aos indivíduos que morreram naquele intervalo de tempo e espaço devido à doença e representa a probabilidade de morte pela doença. A contagem de óbitos, que costuma ser ligada ao termo "mortalidade", na verdade, é indicada pela letalidade.

Resultados

A pesquisa mostrou que pessoas em desvantagem socioeconômica – aquelas na faixa de baixa renda, pretas, analfabetas e com domicílio sem a infraestrutura básica – estão associadas à maior incidência e mortalidade de Aids. A região Sul contém mais incidências e taxa de mortalidades, embora o Sudeste tenha apresentado maior taxa de letalidade. No total, o Nordeste e o Sudeste foram as regiões com mais casos de Aids.

Em níveis percentuais, a população preta é a mais atingida pela síndrome, com taxa de incidência de 32,5 a cada 100 mil pessoas. O número é 149% maior do que em indígenas, 77% maior do que em pardos e 56% do que em brancos/asiáticos. Em relação à mortalidade, a estatística continua desigual: a taxa entre negros é 109% maior do que em pardos, que são o maior grupo de cor/etnia quantitativo no estudo.

Os pobres das classes D e E, e aqueles que recebem o Bolsa Família – programa de transferência de renda – há menos de dois anos são os mais propensos a se contaminarem e morrerem com a aids. De acordo com o relatório Caminhos para acabar com a Aids, publicado pela UNAIDS, órgão da ONU para o combate a Aids, o número de casos da doença na América Latina cresceu 8% desde 2010. Foram 110 mil casos diagnosticados registrados até 2022.

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