Ao longo do triênio em que o Brasil viveu a pandemia de Covid-19 houve um período em que as vacinas simplesmente não existiam. Em seguida, após uma CPI que pressionou o então governo de Jair Bolsonaro (PL) ao revelar uma série de esquemas de corrupção e inação do mesmo em relação ao tema, as vacinas chegaram. Mas mesmo com os imunizantes disponíveis, o ex-presidente e o seu governo empreenderam uma incansável campanha para descredibilizar a própria ideia de vacina.
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Nesse período, convivemos pela primeira vez no Brasil com o chamado “movimento antivacina”, uma das tantas "importações" da extrema direita dos EUA que foi agraciada por Olavo de Carvalho, o suposto filósofo morto um ano atrás que fez carreira traduzindo teorias desta natureza para a realidade brasileira e era considerado o “guru de Bolsonaro”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhou as eleições de 2022 prometendo, entre outras coisas, mais agilidade no oferecimento de imunizantes. Uma das metas do governo era vacinar até 90% dos grupos de risco do país com a nova vacina bivalente da Pfizer, que protege não só da Covid-19 original, como das diversas cepas que se desenvolveram. Mas ao contrário do período pandêmico, onde havia muita gente querendo se vacinar sem que houvesse os imunizantes disponíveis, agora milhões de doses da vacina bivalente encalham nos postos de saúde.
A campanha começou em 17 de fevereiro e, até agora, apenas cerca de 10 milhões de pessoas tomaram suas bivalentes. A cifra representa 17,6% do total do público-alvo, cuja estimativa é de 55 milhões de pessoas.
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A meta do governo é conseguir vacinar até 90% dessas pessoas até o final da campanha, que não tem data para terminar. O Ministério da Saúde planejava aplicar as doses em cinco fases. No entanto, com a baixa adesão, a partir de 18 de março liberou a vacinação para todo o espectro.
“Enquanto o governo anterior oferecia vacina, havia um discurso oficial contra a credibilidade delas, o que alimentou um movimento que perdura até hoje. A gente imaginava que enfrentaria muita dificuldade, havia muita gente jogando contra. E, de fato, o número demonstra o tamanho da resistência criada. Mas somos otimistas e a campanha ainda não acabou”, declarou Éder Gatti, diretor do Departamento de Imunizações do Ministério da Saúde. Gatti ainda anunciou novas campanhas de conscientização para que a população se vacine.
Quem pode tomar a vacina bivalente
Estão contemplados como grupo de risco, ou seja, o público-alvo da dose bivalente: idosos de 60 anos ou mais, funcionários ou pessoas que vivem em instituições de longa permanência, indígena, ribeirinhos, quilombolas, gestantes, puérperas, trabalhadores da saúde, pessoas com deficiência permanente, presos, adolescentes em medidas socioeducativas e trabalhadores do sistema prisional.