MEDICINA

Há relação entre aumento de casos de herpes-zóster e Covid-19? Especialista explica

Estudo da Universidade Estadual de Montes Claros (MG) aponta crescimento de 35% dos casos de herpes-zóster durante os dois anos da pandemia

Créditos: Reprodução/herpeszoster.com..br
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Um estudo elaborado pela Universidade Estadual de Montes Claros (MG) apontou aumento de 35% dos casos de herpes-zóster durante a pandemia de Covid-19, o que despertou a possibilidade de relação entre as duas doenças.

O trabalho defende que pode haver uma correlação entre as duas doenças. Porém, os estudos ainda não são suficientes para concluir se existe uma relação direta.

O infectologista Marcos Caseiro afirma que é preciso ter cuidado nessas correlações. “Na medicina, há um conceito que eu gosto demais: correlação não implica causalidade, um princípio básico da estatística. Então, a gente tem, às vezes, algumas correlações que as pessoas tendem a achar que têm causalidade”, explica.

O médico cita um exemplo: “A Suíça é o país em que há uma correlação entre consumo de chocolate e o maior número de ganhadores do Prêmio Nobel. É uma correlação fortuita. Não há nenhuma causalidade entre um fator e outro”.

Caseiro diz que “estamos vendo uma série de acontecimentos pós-Covid. Mas as pessoas, durante a Covid, ficaram um tempo mais confinadas, muitos perderam o emprego. Então, há mil fatores sociais que podem estar associados ao aumento, por exemplo, dos casos de herpes-zóster”.

O especialista explica que o herpes-zóster é uma recidiva da catapora que as pessoas tiveram na infância. “Eu vejo muitos casos de herpes-zóster, mas, sinceramente, não observei nenhum relato de aumento. Agora, também não é possível dizer que não haja essa associação. É lógico que o estresse por causa da Covid, de uma infecção viral, de alteração de imunidade interfere”, relata.

Caseiro destaca, ainda, que nesse período surgiu uma vacina nova, que se chama Shingrix, que tem indicações para pessoas acima de 50 anos. “Às vezes, surgem essas informações no sentido de falarem: ‘Tá vendo? Importante se vacinar para não ter herpes-zóster’. Então, eu repito: ainda que se possa ter uma correlação, certamente, carece de uma causalidade maior que explique isso. São estudos epidemiológicos que, muitas vezes, não correspondem a uma correlação necessariamente de causa e efeito. A gente precisa ter muito cuidado com isso”, repete.

O que é, quais os sintomas e como é o tratamento

O herpes-zóster, popularmente conhecido como cobreiro, é uma infecção provocada pelo vírus varicella-zoster e se manifesta em pessoas que já tiveram catapora. O vírus, geralmente, fica incubado por longo período.

Os principais sintomas são lesões graves e muito dolorosas na pele, que aparecem na região torácica, abdominal e lombar ou na face. Podem surgir, também, nos membros superiores e na cabeça. O paciente pode apresentar febre, dor de cabeça, mal-estar, formigamento e cansaço. O tratamento inclui medicamentos analgésicos e antivirais.