CASO GRAVÍSSIMO

O que é o fungo típico de vegetais que atacou 104 pacientes no AP e deixou 7 cegos

Vítimas do ‘fusarium’ foram operadas em mutirão contra catarata na capital amapaense. Anvisa e autoridade sanitária estadual ainda procuram resposta. Entenda o que houve

Imagem ilustrativa.Créditos: Pixabay Free
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Macapá, a capital do Amapá, realizou um grande mutirão contra a catarata no início de setembro. Foram 141 pacientes submetidos a essa cirurgia oftalmológica relativamente simples, mas um surto, até então inexplicável, acometeu 104 dessas pessoas, deixando sete delas totalmente cegas e precisando retirar o globo ocular operado.

O responsável pela contaminação generalizada, informa a Secretaria de Saúde do Amapá, foi o fungo ‘fusarium’, que normalmente acomete vegetais, provocando doenças nessas plantas. Um caso bem conhecido é a contaminação por ‘fusarium’ nas bananeiras da América Central, o que décadas atrás provocou perdas de grandes safras da fruta. O ‘fusarium’ também contamina o trigo e a farinha deste tipo de cereal, podendo ser fatal quando ingerido em grandes quantidades.

No caso das contaminações oftalmológicas, como a ocorrida no mutirão de Macapá, o fungo provoca uma condição chamada endofitalmite, “uma infecção rara produzida pela ação do micro-organismos, que penetram na parte interna do olho, como tecidos, fluidos e estrutura”, explica a nota da Secretaria de Saúde do Amapá.

O mutirão no qual ocorreram os graves casos, que acabaram exigindo, em alguns pacientes, a retirada do globo ocular, faz parte do chamado Programa Mais Visão, uma iniciativa que conta com orçamento oriundo de emendas parlamentares e que é executado por uma empresa contratada para prestar tal serviço, num convênio entre o governo do estado e o Centro de Promoção Humana Frei Daniel de Samarate (Capuchinhos). Iniciado em 2020 no Amapá, o Programa Mais Visão já realizou mais de 100 mil procedimentos, sendo 50% deles relacionados a cirurgias de catarata.

O Ministério Público do Amapá (MP-AP) entrou no caso e já ouviu representantes de todas as partes envolvidas. Os promotores chamaram o episódio de “incidente no Programa Mais Visão” e já tiveram reuniões com a secretária de Saúde do Amapá, Silvana Vedovelli, e até com o governador do estado, Clécio Luís (Solidariedade).