FALTA DE HUMANIDADE

O que é hidrocefalia, doença que levou à demissão de Léo Lins por piada cruel

Condição de saúde grave foi usada por “humorista”, que fez troça com criança cearense acometida pela enfermidade. Entenda o quadro

Bebê com hidrocefalia..Créditos: Ispn Guide/Reprodução
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Após o "humorista" Léo Lins, conhecido por fazer "piadas" de mau gosto e preconceituosas, ser demitido nesta segunda-feira (4) pelo SBT por ter debochado de uma criança com hidrocefalia do Ceará, mencionando inclusive o Teleton, o programa da emissora apadrinhado por Silvio Santos que ajuda crianças com deficiência, as buscas por mais informações sobre a doença aumentaram na internet.

No episódio cruel e desumano protagonizado por Lins, o agora ex-integrante do The Noite, apresentado por Danilo Gentili, o “humorista disse que “acho muito legal o Teleton, porque eles ajudam crianças com vários tipos de problema. Vi um vídeo de um garoto no interior do Ceará com hidrocefalia. O lado bom é que o único lugar na cidade onde tem água é a cabeça dele. A família nem mandou tirar, instalou um poço e agora o pai puxa a água do filho e estão todos felizes”.

Mas afinal, o que é a hidrocefalia?

A hidrocefalia é uma condição em que ocorre um acúmulo de líquido em cavidades do cérebro, o que provoca um significativo aumento da pressão intracraniana. O chamado LCR (Líquido Cefalorraquidiano) se acumula nos espaços existentes entre as várias partes do cérebro, os ventrículos, e ainda nas áreas subaracnoides, na camada externa do encéfalo, entre o órgão e a meninge.

Embora seja uma doença que possa ocorrer com qualquer pessoa, normalmente a hidrocefalia é mais recorrente em crianças e idosos, com maior prevalência nos primeiros. O nome da enfermidade vem do grego, hidro (água) e céfalo (cabeça), e é adotado justamente por existir um excesso de “água”, no caso o LCR, dentro da caixa craniana.

A hidrocefalia congênita, ou seja, que já está estabelecida no nascimento, pode ser observada e diagnosticada ainda antes do parto, por meio de exames de imagem durante o pré-natal. Não há uma certeza quanto ao que provoca a hidrocefalia nos bebês, mas a ciência já tem indícios de que são fatores genéticos hereditários. Doenças como a toxoplasmose, citomegalovírus, rubéola, sífilis e meningite, assim como o uso abusivo de entorpecentes como a cocaína e a heroína por parte da mãe também podem aumentar as chances de a criança nascer com a condição.

Já nos adultos, a forma adquirida da hidrocefalia decorre de problemas como infecções, tumores cerebrais, traumatismos cranioencefálicos, hemorragias, acidentes vasculares cerebrais (AVCs) ou por neurocisticercose, uma condição provocada pelo parasita popularmente chamado de “solitária”, a tênia, que entra no corpo quando a carne de porco contaminada é consumida de maneira inadequada.

No caso dos bebês que já nascem com a hidrocefalia e ela se expande nos primeiros meses de vida, o principal sintoma notável é o aumento exagerado da cabeça. A criança, inevitavelmente, acaba por sofrer danos nas estruturas cerebrais e com isso fica acometida por sequelas motoras e de visão, além de outros problemas neurológicos. Nos adultos, há dor de cabeça intensa, perda de habilidades motoras e prejuízos neurológicos sérios, assim como sono excessivo e crises de convulsão, levando em muitos casos, especialmente em idosos, a um quadro de demência.

Em pacientes com hidrocefalia leve, medicamentos podem ser usados para que ocorra a eliminação do excesso de líquido nas cavidades cerebrais, mas nos casos mais graves, invariavelmente a o tratamento é cirúrgico, por meio da introdução de um cateter intracraniano que retira o excesso de LCR e o dispensa em outras áreas do corpo, como a cavidade abdominal, de onde é posteriormente expelido. No entanto, em grande parte das ocorrências de hidrocefalia em crianças o prognóstico não é bom e o quadro leva à morte.