O Brasil deverá ter, até 2030, quase 30% de sua população adulta com obesidade. No mundo, o número de obesos será superior a 1 bilhão. A projeção é do Atlas Mundial da Obesidade 2022, organizado pela World Obesity Federation, organização internacional voltada para redução, prevenção e tratamento da obesidade. Outro levantamento, realizado por uma equipe formada por 17 pesquisadores de diversas universidades do Brasil e uma do Chile, indica que 68% das pessoas poderão ter excesso de peso -de acordo com esse estudo, a taxa de pessoas com obesidade poderá ser um pouco menor, 26%.
Segundo a Obesidade Brasil, instituição brasileira filiada à World Obesity Federation, “a obesidade é uma doença crônica como pressão alta, diabetes, câncer, entre outras e, por isso, pessoas com obesidade merecem ser tratadas e ajudadas para controlar sua doença”.
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O estudo brasileiro, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), mostrou que, no Brasil, a prevalência do excesso de peso aumentou de 42,6% em 2006 para 55,4% em 2019. Já a obesidade saltou de 11,8% para 20,3% no mesmo período.
A condição é calculada por meio do IMC (índice de massa corporal), que consiste na divisão do peso pela altura ao quadrado. Quando o resultado fica entre 25 e 30, considera-se que há sobrepeso. Se o IMC for maior que 30, o caso é categorizado como obesidade.
No Brasil, caso se confirme a projeção para 2030, o país vai se tornar a quarta nação com maior número absoluto de pessoas com excesso de peso no mundo, atrás somente dos Estados Unidos, da China e da Índia.
Segundo o coordenador da Obesidade Brasil, Carlos Schiavon, cirurgião bariátrico, “alguns fatores relativamente conhecidos para obesidade estão impactando países que anteriormente não tinham altas taxas, como um largo acesso a comidas muito industrializadas e de alimentos refinados" -ele falou à Folha de S.Paulo.
Na opinião do coordenador do estudo brasileiro, o professor e pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Leandro Rezende, as causas populacionais podem ser o motivo para incentivar o controle do sobrepeso e da obesidade.
Ele falou à Agência Brasil sobre o caráter epidêmico da doença: “O excesso de peso e obesidade vêm aumentando no mundo não por causas individuais, mas pelas causas populacionais da obesidade que vêm mudando. A gente define como causa populacional um conjunto de mudanças especialmente no sistema alimentar que foram ocorrendo a partir da década de 1970, 1980, a partir de mudanças da legislação, mudanças nas leis agrícolas, mudanças na legislação quanto ao marketing e ao processamento dos alimentos. São essas questões que foram mudando e que tornaram o problema do excesso de peso e obesidade em uma epidemia”.
Segundo Ricardo Cohen, coordenador do Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, uma das principais interfaces para prevenção da obesidade, para além das políticas públicas, é identificar os fatores genéticos que estão associados a ela, algo ainda sendo investigado pela medicina atual. Observando esses aspectos, diz ele, seria possível já direcionar um estilo de vida específico para alguém que tem tendência a ser obeso a fim de evitar que isso venha a acontecer.
O grupo com maior incidência de obesidade no Brasil é o de mulheres entre 40 a 59 anos. "Se formos ver o número de cirurgias bariátricas, são três mulheres operadas para cada homem. Então realmente há uma incidência e prevalência maior em mulheres comparada a homens", Cohen.