Depois da pandemia da Covid-19, que explodiu para o mundo nos primeiros dias de 2020, a partir da China, a humanidade passou a ficar atenta e receosa quando uma doença infecciosa incomum ou misteriosa resolve dar as caras em algum ponto do planeta. E é exatamente isso que acontece agora com a confirmação de que sete pessoas apresentaram contaminação pela varíola do macaco no Reino Unido, uma doença rara de origem tropical provocada por um vírus do tipo orthopoxvirus, patógeno próximo ao da varíola humana, uma doença erradicada oficialmente desde 1980 e que assombrou os cinco continentes da Terra por séculos.
Três casos de varíola do macaco já tinham sido confirmados até o último fim de semana pela UKHSA (United Kingdom Health Security Agency), a agência britânica de segurança em saúde, que nesta segunda-feira (16) informou mais quatro infecções na região de Londres.
Alguns casos de varíola do macaco têm sido registrados na Nigéria, país da costa ocidental africana, desde 2017, onde já foram confirmadas 241 infecções e 8 mortes pelo orthopoxvirus. O primeiro paciente identificado no Reino Unido, há menos de uma semana, esteve na nação africana poucos dias antes de apresentar os sintomas, o que fez as autoridades sanitárias britânicas acreditarem que a contaminação tenha ocorrido lá, já que a doença é tropical e não ocorre em países com climas mais frios e onde não existem espécies de primatas e roedores que são hospedeiros do vírus.
Uma hipótese que vem sendo considerada pelos cientistas do Reino Unido e que constou oficialmente num informe de alerta atualizado nesta segunda (16) pelo NHS (National Health System) é que a doença pode estar se propagando por via sexual entre homens que fazem sexo com homens, uma vez que os casos confirmados até aqui são de pacientes que informaram às autoridades serem gays ou bissexuais que mantiveram relações desprotegidas. No entanto, essa ainda é uma suspeita por parte dos pesquisadores, que seguem analisando as ocorrências.
A varíola do macaco apresenta sintomas semelhantes à da varíola humana, como febre, mal estar, dores pelo corpo, pequenas bolhas (vesículas) com líquido purulento e inchaço dos gânglios linfáticos, embora esse pareça ser um sinal mais agressivo na doença do macaco. A versão humana da enfermidade vitimou a humanidade por milhares de anos e há registros dela desde o Antigo Egito. A primeira vacina desenvolvida pelo homem foi justamente contra a varíola, em 1796, quando o médico franco-inglês Edward Jenner percebeu que mulheres que ordenhavam as vacas não desenvolviam a doença.
A partir daí, ele descobriu que um vírus semelhante, responsável pela varíola nos bovinos, servia como uma prevenção para o ser humano. Com base nessa intuição ele aplicou o pus das vesículas do gado em pessoas de uma região rural e elas ficaram imunes à forma humana da moléstia.