Esta semana veio a público a compra por parte das Forças Armadas de 60 próteses penianas infláveis no valor de R$ 3,5 milhões. O fato apareceu após outras aquisições que também chamaram a atenção, como as de picanha, 35 mil comprimidos de Viagra e também de remédio para calvície.
O deputado Elias Vaz (PSB-GO) e o senador Jorge Kajuru (Podemos-GO) vão solicitar apuração sobre por que o Exército comprou as próteses penianas. O assunto tabu, no entanto, desperta a curiosidade de muitos homens cada vez que vem à tona, como é o caso agora. O que são as próteses penianas? Como elas são? Existem modelos diferentes? Há sensibilidade nelas?
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Estas e várias outras questões foram respondidas à Revista Fórum pelo médico Roberto Vaz Juliano, urologista, diretor da Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo, membro do Instituto de Urologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, professor da Disciplina de Urologia da Faculdade de Medicina do ABC – FMABC e responsável pelo grupo de Medicina Sexual e Reprodutiva.
Na ocasião, Roberto chamou a atenção para um dado: “Nós temos um estudo brasileiro semelhante ao americano que diz o seguinte: aos 50 anos, mais da metade da população, cerca de 52% dos homens, têm alguma disfunção erétil. Destes, 10% têm uma disfunção considerada grave. Já aos 70 anos, isso aumenta para os 70%. O envelhecimento tem muito a ver com a disfunção erétil”.
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Causas da disfunção erétil
Sobre os principais causadores da disfunção erétil, Vaz afirmou que ela deve ser considerada como um sintoma. “Uma dor de cabeça pode ser sinusite, câncer no cérebro, enxaqueca. A disfunção erétil é igual. Pode ser, por exemplo, um problema de relacionamento. O paciente pode não se dar bem com a parceira do ponto de vista da erotização, apesar se dar bem pessoalmente. Outras vezes por cansaço ou falta de amor e daí para a frente tem o envelhecimento. E têm muitas outras causas. Um parceiro que tem enfisema pulmonar, por exemplo, ele não consegue ficar deitado. Ele não tem capacidade física para ter relações. Há outras doenças que podem provocar a disfunção, como a Aids, cirrose, doenças hepáticas, insuficiência renal, leucemia, tuberculose entre outras”, alertou.
“A insuficiência coronariana também pode provocar a disfunção. Das pessoas que têm insuficiência coronariana, 30% delas têm dificuldade de ereção. A obesidade é outro fator de risco. E aí, tem também o cigarro, que aumenta a lesão do vaso e, com isso, aumenta as chances da pessoa ter entupimento da artéria. E, além disso, agudamente ele também provoca vasoconstrição. Você fumar um cigarro antes de ter uma relação, por exemplo, não é uma boa ideia”, prosseguiu o médico.
Vários modelos de próteses
Existem atualmente vários medicamentos para a disfunção erétil. Em alguns casos, no entanto, eles não resolvem o problema. Quando isso ocorre, o paciente deve recorrer à prótese peniana. O urologista lembra que “existem próteses de vários tipos: as rígidas, as semirrígidas e as infláveis. Não há uma melhor ou pior. Depende de cada caso. É como se você me pedisse uma sugestão de carro e eu te dissesse: ‘Compre uma Ferrari’. Mas, quando chega a Ferrari você acha que o porta-malas é pequeno. É questão de adequar. Vou te dar exemplos. Têm pacientes que tomam banho em banheiro público e preferem prótese ocultável. Outros podem ter um problema na mão, uma artrose, uma dificuldade para inflar a prótese. Então, para este paciente uma prótese semi-rígida seria mais eficaz”.
Sensibilidade
Roberto ainda garantiu que um portador de prótese peniana tem a mesma sensibilidade de quando não tinha. “A prótese só vai garantir que a pessoa tenha a rigidez suficiente para a penetração. Ela não muda a sensibilidade, nem a ejaculação e nem o desejo. Se o paciente tem uma parceria boa, uma cabeça boa, ele vai ter uma relação muito satisfatória. Se você usa uma prótese, você vai ter rigidez na hora em que você quiser. Então você vai ter relações três vezes por dia, mas você não tem vontade de ter relações três vezes por dia. Então você não vai gozar três vezes, pois não é o seu desejo. Isso pode ser uma complicação. Às vezes você quer ter, mas a parceira não vai querer ter tantas relações. Alguns pacientes se queixam que a cabeça do pênis fica um pouco mais fria, outros que diminui o pênis, mas a princípio ela não mexe em nada”, garantiu.