Cientistas dos EUA descobriram que o vírus Sars-COV-2, causador da Covid-19, provoca diretamente danos no pênis, testículos e próstata, sendo provavelmente o responsável pelos inúmeros casos de disfunção erétil registados em homens que foram contaminados pelo patógeno. Até então, os médicos acreditavam que esse pudesse ser um problema resultante do processo inflamatório ou da febre causados pela doença.
O estudo, realizado pela Escola de Medicina de Feinberg, em Chicago, utilizando macacos rhesus, que reúnem características biológicas e de funcionamento do corpo semelhantes aos do ser humano, mostrou que o coronavírus infecta o pênis, testículos e próstata causando danos nos vasos sanguíneos locais. Daí o fato dos problemas de ereção e também de fertilidade persistirem após a cura da infecção.
Um exame de tomografia que emite pósitrons, muito usado para detectar focos de infecção, foi o mecanismo que os pesquisadores encontraram para detectar os grandes processos inflamatórios nos vasos da região do trato genital masculino dos macacos.
"Vimos um completo espalhamento pelo trato genital masculino. Ficamos surpresos com esse resultado", explicou ao diário The New York Times, dos EUA, o doutor em biologia celular Tomas Hope, responsável pelo estudo na Feinberg.
Cérebro diretamente afetado
Uma pesquisa conduzida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, com 785 pessoas de 51 a 81 anos de idade, divididas em dois grupos, um que foi infectado pela Covid-19 e ou não, revelou que os indivíduos que sofreram com a doença do coronavírus tiverem um percentual muito maior de encolhimento cerebral e de danos especialmente na massa cinzenta.
Nos pacientes que apresentaram a diminuição do tamanho do encéfalo, a região responsável pelo olfato, o giro hipocampal, reduziu em média 1,8% de sua área, enquanto que o cerebelo, que orienta o equilíbrio e funções motoras, ficou 0,8% menor, informa uma reportagem do The Guardian, de Londres.
Na mesma pesquisa ficou demonstrado que os pacientes com essa perda de volume encefálico pontuaram bem abaixo num teste de capacidades mentais aplicado pelos cientistas, o que faz imaginar que a Covid-19 possa estar comprometendo as habilidades cerebrais de pessoas infectadas em todo o mundo.
Publicada na prestigiada revista científica Nature, o estudo indicou também que os pacientes com mais idade e os que foram submetidos a internação, sobretudo os mais graves, foram os que apresentaram maior comprometimento mental, ressaltando que uma recuperação, ainda que parcial, do cérebro seria possível em algumas pessoas.
“O cérebro é plástico, o que significa que pode se reorganizar e se curar até certo ponto, mesmo em pessoas mais velhas”, disse em entrevista ao jornal britânico The Guardian a professora Gwenaëlle Douaud, da Universidade de Oxford.