Um homem de 30, em 2014, procurou o serviço médico do Hospital Universitário de Nantes, na França, por conta de sintomas em seu pênis. Algo incomum ocorria com a textura do tecido que compunha o órgão sexual do referido paciente, que tinha também dores insuportáveis. Para seu desespero, o diagnóstico dado foi “carcinoma no tecido epitelial peniano”, ou seja, câncer.
Os médicos então indicaram que ele deveria fazer uma cirurgia para retirar aquela porção de tecido que apresentava a lesão cancerosa. Feito isso, o problema parecia seguir para outras partes do pênis e então teve início uma série de intervenções que, em 2017, culminou com a amputação total daquela parte do corpo do paciente.
Todas as cirurgias, depois de serem analisadas por uma junta de especialistas, foram consideradas “inapropriadas”, sobretudo a primeira, porque o procedimento adotado estava errado e não retirou totalmente as células cancerosas. O caso, a partir daí, foi parar na Justiça, com o homem exigindo uma indenização da unidade de saúde no valor de 976 mil (R$ 5,35 milhões) euros. Após três anos tramitando nos tribunais, o processo finalmente foi encerrado, mas o juiz responsável fixou a quantia a ser paga em 61 mil euros (R$ 334 mil).
“Tenho ódio deste médico que não me ouviu. Ele jogou roleta russa comigo! Não sinto mais nada... Não podemos substituir a sensação do pênis por outros sensores... Fale sobre isso com um homem, para qualquer um é impensável!”, desabafou o paciente que teve o pênis amputado numa entrevista ao jornal France Bleu Loire Océan.
A AFP procurou o advogado da vítima de erro médico para que se pronunciasse em relação ao veredito e, indignado, o defensor ressaltou que recorrerá e não permitirá que aquela história já tão absurda seguisse gerando desdobramentos descabidos. “Não permitirei que o humilhem. Este homem sofreu uma primeira morte psicológica por negligência médica e uma segunda hoje por este julgamento degradante da dignidade humana”, afirmou o advogado.