Um bebê nasceu no estado de Nuevo León, no México, com uma cauda de seis centímetros, um fato extremamente incomum, sobretudo com uma extensão do tipo. O caso foi publicado no Journal of Pediatric Surgery Case Reports, periódico científico dedicado a reportar episódios cirúrgicos em crianças.
O relato aponta para uma menina que veio ao mundo num hospital localizado próximo de uma área rural de Nueva León, via cesariana. Seus pais não tinham qualquer problema de saúde e também não mantinham parentesco de sangue. Também não foram achados, no decorrer da pesquisa, qualquer exposição da mãe a substâncias radioativas ou a agentes que possam provocar alterações morfológicas no bebê, os chamados teratógenos.
Os médicos perceberam a estrutura incomum apenas quando a mãe deu à luz e perceberam tratar-se de uma cauda de 5,7 centímetros, para ser preciso, e com um diâmetro de que variava de 3 a 5 milímetros, a depender da extremidade.
Coberta de pele e de pelos bem finos, os profissionais constataram que a criança podia mexê-lo e que também tinha sensibilidade no local, uma vez que fizeram um teste usando uma agulha, que ao espetar suavemente o “órgão” fez com que a recém-nascida chorasse.
Um raio-x também afastou a possibilidade de uma anomalia óssea, já que a cauda não tinha vértebras e era totalmente constituída pelos chamados tecidos moles, como o fibrogorduroso, além de vascularização e ramificações nervosas. Dois meses após o nascimento, a cauda tinha aumentado seu tamanho em 0,8 centímetro, o que fez com que os cirurgiões optassem por removê-la numa operação.
O estudo publicado no Journal of Pediatric Surgery Case Reports traz a informação ainda de que esse tipo achado em humanos é raro e, quando ocorre, pode ser classificado de duas formas distintas: caudas verdadeiras e pseudocaudas. A menina tinha uma estrutura do primeiro tipo, quando a cauda é constituída de tecido adiposo, conjuntivo e muscular, mas não contêm vértebras ou ossos. Já as pseudocaudas “manifestações superficiais ou cutâneas de anormalidades estruturais subjacentes, como lipomas, teratomas ou ainda prolongamento anormal das vértebras”.
O biólogo e professor Fábio Alexandre de Araújo Nunes, que dá aulas de genética há 30 anos, explicou à Fórum como a ocorrência da cauda na criança pode ter ocorrido, em termos de biologia celular.
“A organogênese, que é a formação dos órgãos, no caso dessa criança, não teve detecção de anormalidades ou má formação, já a morfogênese na região sacral apresentou anormalidade no processo mecânico que envolve forças que geram estresse, tensão e movimento das células, que pode ser induzida por fatores genéticos, de acordo com o padrão espacial das células dentro dos tecidos. Alguns genes deletérios podem ter induzido a diferenciação anômala ou proliferação celular, o que gerou a cauda”, explica o biólogo.
Veja a cauda após ter sido removida após a cirurgia: