O ex-presidente Lula (PT) relembrou, durante o debate da TV Globo, realizado nesta sexta-feira (28), que Jair Bolsonaro (PL) já defendeu o aborto como método de controle de natalidade no Brasil, inclusive com um discurso acalorado feito no púlpito da Câmara dos Deputados, em 1992. Para levar a cabo a ideia, o hoje presidente falou que as mulheres deveriam usar uma droga chamada Cytotec.
Mas o que é o Cytotec e por que seu nome é profundamente ligado à prática abortiva?
Nome comercial da substância Misoprostol, o Cytotec foi criado para ser um medicamento voltado ao tratamento de úlcera digestiva. Seus testes começaram ainda nos anos 70 e foram concluídos no início da década seguinte, chegando ao Brasil em 1984.
- Querem nos calar! A Fórum precisa de você para pagar processos urgentes. Clique aqui para ajudar
O problema é que a droga, em mulheres grávidas, obviamente, induz ao aborto, uma vez que produz como efeito colateral contrações uterinas. Vendido até os anos 90 sem necessidade de receita e por preços irrisórios, o Cytotec passou a ser amplamente usado como método de aborto farmacológico, em “concorrência” com o aborto cirúrgico, muito mais complexo e que resulta num processo mais longo e difícil de recuperação.
Só que o uso do Cytotec como abortivo e sem qualquer tipo orientação e supervisão médica implica em sérios riscos para a vida da mulher. Uma fração delas terá uma grave hemorragia que necessitará de cuidados e intervenção médica, que se não forem prestadas adequadamente, pode levar à morte.
Com todo o histórico de mortes e de complicações severas, o Cytotec está proibido no Brasil desde 2005, por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Embora sua comercialização ilegal persista no país, as autoridades lembram que o tráfico dessa substância é considerado crime hediondo, podendo render até 15 anos de prisão.