A deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) foi mais uma nas redes a tentar defender o gesto supremacista branco do assessor internacional da Presidência, Filipe Martins.
A deputada resolveu compartilhar vídeo onde o apresentador bolsonarista Sikêra Jr. faz escárnio com o gesto, enquanto arruma a lapela do seu terno.
"O grande @sikerajr captou bem o espírito da coisa. A perseguição aos apoiadores do Presidente @jairbolsonaro está beirando as raias da loucura. @filgmartin, aguente firme. Quem te conhece sabe da sua idoneidade."
Notícia-crime
Por conta do gesto, o Ministério Público Federal (MPF), por meio da Procuradoria Regional da República da 5ª Região, apresentou notícia-crime pelo delito de racismo contra ele.
A notícia-crime, de acordo com solicitação do procurador regional da República Wellington Cabral Saraiva, será distribuída a um dos procuradores da República no Distrito Federal e que resulte em denúncia.
O procurador afirma na petição que o assessor cometeu crime de racismo ao "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional".
Segundo o MPF, o gesto citado na notícia-crime é utilizado por extremistas desde, pelo menos, 2017 e passou a ser uma maneira de veicular, de forma discreta, um sinal supremacista que poucas pessoas perceberiam.
Relembre o caso
Em momento em que aparecia nas câmeras da TV Senado, atrás do presidente da casa legislativa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), Martins fez com as mãos um gesto que parece remeter ao símbolo “WP”, em referência ao lema “white power” (“supremacia branca”). Esse gesto, que se assemelha a um “OK”, é classificado desde 2019 como “uma verdadeira expressão da supremacia branca” pela Liga Antidifamação dos EUA, segundo reportagem da BBC.
“Ele fez um sinal de supremacia branca enquanto arruma o terno. É muito difícil ele dizer que não sabe o que está fazendo. É um sinal de supremacia branca. É um sinal que é usado como senha em diversos grupos, como o Proud Boys”, disse à Fórum a antropóloga Adriana Dias, que é doutora em antropologia social pela Unicamp, pesquisa o fenômeno do nazismo e atua como colunista na revista.
O Museu do Holocausto se posicionou nesta quarta-feira (24) contra o gesto feito pelo assessor presidencial Filipe Martins. Para o museu, o bolsonarista gesticulou um símbolo supremacista, de ódio.
“Estupefatos, tomamos notícia do gesto do assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República durante sessão no Senado Federal. Semelhante ao sinal conhecido como OK, mas com 3 dedos retos em forma de ‘W’, o gesto transformou-se em um símbolo de ódio”, escreve a entidade em seu perfil oficial.