Seguindo seu praxe de não se abrir ao diálogo e não aceitar opiniões divergentes, o presidente Jair Bolsonarou bloqueou de seu Twitter, neste sábado (13), a especialista em segurança pública Ilona Szabó.
O bloqueio veio logo após Ilona compartilhar uma nota do Instituto Igarapé, entidade em que é diretora, crítica aos decretos assinados por Bolsonaro que facilitam ainda mais posse e porte de armas e munições.
"Rápido no gatilho: menos de um minuto após eu publicar nossa nota técnica sobre os novos decretos de descontrole de armas e munições nos comentários do post do presidente, fui bloqueada. Liberdade de expressão e abertura de diálogo como na Venezuela", escreveu a especialista.
"Impressionante ver como a máquina do ódio é eficiente e está aparelhada para bloquear qualquer contestação à narrativa oficial. Isso só acontece em ditaduras. Já vivemos tempos de exceção", completou.
A crítica de Ilona que motivou o bloqueio de Bolsonaro consta em uma nota divulgada pelo Instituto Igarapé. "O Instituto Igarapé e organizações parceiras recorrerão das medidas trazidas nos decretos, assim como fizemos com os atos legais anteriores. Com esses decretos somam-se mais de 30 atos normativos publicados nos dois últimos anos. Isso só aumenta a urgência da apreciação das ações sobre a constitucionalidade das medidas do Executivo Federal pelo Supremo Tribunal Federal e da votação dos projetos de decreto legislativo que as suspendem no Congresso. Em um Estado Democrático de Direito não se brinca com a segurança e com o bem-estar da população. As instituições da República precisam dar a prioridade e a atenção imediata que as questões de vida ou morte exigem", diz o texto.
Armar a milícia
A atualização do Decreto 9.845/2019 promovida pelo presidente Jair Bolsonaro, que facilita ainda mais a posse e porte de armas e munições tem gerado uma série de reações de parlamentares e jornalistas.
O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) fez uma série de tuítes onde afirma que “a política armamentista do presidente não é apenas sobre insegurança, é sobre democracia. Bolsonaro está armando seus apoiadores para ameaçar as instituições. O golpe está em curso”.
O trecho que tem chamado a atenção dos críticos à política armamentista do governo Bolsonaro é o que dispõe sobre a mudança do número de armas e quantidade de munições que podem ser compradas a partir da reedição do decreto.
As polêmicas mudanças promovidas no Decreto 9.845/2019 passam permitir que profissionais com direito a porte de armas, como Forças Armadas, polícias e membros da magistratura e do Ministério Público possam adquirir até seis armas de uso restrito. Antes, esse limite era de quatro armas.
O novo texto do decreto também passa a permitir que atiradores possam adquirir até 60 armas e caçadores, até 30. A autorização do exército só será exigida quando essas quantidades forem superadas.
Também foram elevadas a quantidade de munições que podem ser adquiridas por essas categorias: 2 mil para armas de uso restrito e 5 mil para armas de uso permitido.
O jornalista Reinaldo Azevedo também comentou o decreto e afirmou que ele é “mel na sopa das milícias e do narcotráfico. Atiradores poderão comprar 60 armas, e caçadores, 30, sem autorização do Exército. Aritmética: 10 ‘atiradores’ se juntam e formam um arsenal de 600 armas”.