O médico e neurocientista Miguel Nicolelis, professor da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, pediu, nesta quinta-feira (24), a demissão e interdição do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em suas redes, em função dele tentar adiar a vacinação de crianças contra a Covid-19.
“Onde estão as instituições brasileiras? Como é possível que nenhuma se manifeste? Ministro da Saúde tem q ser interditado/demitido depois de uma das declarações mais absurdas na história da medicina brasileira! Mais de 300 crianças mortas! Quantas crianças mais vão ter q morrer?”, perguntou indignado Nicolelis.
'Dentro de um patamar'
Queiroga declarou, nesta quinta-feira (23), que “os óbitos de crianças estão dentro de um patamar que não implica em decisões emergenciais”. Por isso, segundo ele, a pasta não precisa iniciar rapidamente a imunização contra a Covid-19 para a faixa etária de 5 a 11 anos.
O país contabilizou a morte de 301 crianças entre 5 e 11 anos em consequência do coronavírus desde o começo da pandemia até 6 de dezembro. O dado corresponde a 14,3 óbitos por mês ou um a cada dois dias. As informações são da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI).
Essa faixa etária deveria estar sendo vacinada desde que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do imunizante da Pfizer na última semana. Entretanto, o Ministério da Saúde não deu o aval para o início da vacinação.
Pressão do PT
Foi preciso vencer o prazo estabelecido pelo ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), que atendeu arguição do deputado federal e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT-SP), para que o ministro da Saúde, recuasse e prestasse informações sobre a vacinação infantil, em coletiva nesta quinta-feira.
Mesmo assim, o ministro do presidente Jair Bolsonaro (PL) impôs uma série de condições para a vacinação de crianças:
“A nossa recomendação é que essa vacina não seja aplicada de forma compulsória. Ou seja, depende da vontade dos pais. E essa vacina estará vinculada a prescrição médica, e a recomendação obedece a todas as orientações da Anvisa”, disse Queiroga.