Google remove app Parler, rede social usada pela ultradireita; Apple dá prazo para plano de moderação

Eduardo Bolsonaro relatou que "Parler está estranho" em seu iPhone. Allan dos Santos anuncia entrevista com John Matze, fundador da rede, que ironizou bloqueio

Perfil de John Matze na Parler (Reprodução)
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Depois da invasão do Congresso dos Estados Unidos por apoiadores de Donald Trump, o Google resolveu remover da sua loja virtual o aplicativo Parler, que agrega radicais da extrema-direita e tem recebido internautas que estão migrando de redes como o Twitter, que suspendeu definitivamente a conta do presidente estadunidense.

Em nota, a Google Play afirma que a decisão visa proteger os usuários.

"Nossas políticas de longa data exigem que os aplicativos que exibem conteúdo gerado pelo usuário tenham políticas de moderação e aplicação que removem conteúdo ofensivo, como postagens que incitam a violência. Todos os desenvolvedores concordam com esses termos e lembramos a Parler dessa política clara nos últimos meses. Estamos cientes das postagens contínuas no aplicativo Parler que buscam incitar a violência contínua nos EUA. Reconhecemos que pode haver um debate razoável sobre as políticas de conteúdo e que pode ser difícil para os aplicativos removerem imediatamente todo o conteúdo violador, mas para distribuir um aplicativo por meio do Google Play, exigimos que os aplicativos implementem moderação robusta para conteúdo flagrante. Devido a esta ameaça contínua e urgente à segurança pública, estamos suspendendo as listagens do aplicativo na Play Store até que ele resolva esses problemas", diz a nota.

A Apple foi para o mesmo caminho, mas deu prazo de 24 horas para a Parler enviar um plano de moderação detalhado. Caso isso não ocorra, o aplicativo também será removido da Apple Store.

Parler
O presidente-executivo da Parler, John Matze, ironizou a retirada do app das lojas das duas gigantes de tecnologia, dizendo em publicação na Parler que "Padrões não aplicados ao Twitter, Facebook ou mesmo à própria Apple se aplicam a Parler".

"Qualquer pessoa que compra um telefone da Apple é aparentemente um usuário. Eles sabem o que é melhor para você, dizendo quais aplicativos você pode ou não usar. Aparentemente, eles acreditam que Parler é responsável por todo o conteúdo gerado pelo usuário em Parler. Portanto, pela mesma lógica, a Apple deve ser responsável por todas as ações realizadas por seus telefones. Cada carro-bomba, cada conversa ilegal no celular, cada crime ilegal cometido em um iPhone, a Apple também deve ser responsabilizada", diz a mensagem publicada neste sábado (9).

Pelo Twitter, o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos anunciou que entrevistará Matze na próxima segunda-feira. Foragido nos Estados Unidos após ser acusado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de comandar a milícia digital bolsonarista, Allan foi um dos apoiadores de Jair Bolsonaro que aderiu à hashtag #WeAreTrump e colocou a foto do presidente dos EUA em seu perfil.

Na Parler, Eduardo Bolsonaro (PSL) que também está nos EUA, onde foi recebido duas vezes na Casa Branca na última semana, apontou "algo estranho" no app em seu iPhone.

"Parler está estranho…Apple tentando algo?", escreveu.