O WhatsApp anunciou, na noite desta sexta-feira (15), que vai adiar a mudança na política de privacidade do aplicativo para o dia 15 de maio. Inicialmente, a mudança imposta a todos os usuários estava marcada para 8 de fevereiro.
O anúncio do adiamento vem após a reação negativa e a debandada de milhares de usuários em todo o mundo para outros aplicativos de mensagem, como o Telegram e o Signal.
Segundo a empresa, a mudança levará mais tempo para acontecer para que os usuários possam "entender os fatos".
"Agora estamos recuando da data em que as pessoas serão solicitadas a revisar e aceitar os termos. Ninguém terá sua conta suspensa ou excluída em 8 de fevereiro. Também faremos muito mais para esclarecer a desinformação sobre como a privacidade e a segurança funcionam no WhatsApp. Iremos às pessoas gradualmente para que revisem a política em seu próprio ritmo antes que novas opções de negócios estejam disponíveis em 15 de maio", diz comunicado do WhatsApp.
Entenda
O WhatApp começou, na última semana, a notificar os usuários informando sobre mudanças na política de privacidade. A partir de 8 de fevereiro, todos aqueles que querem continuar usando o aplicativo terão que aceitar a nova política que envolve o compartilhamento de seus dados com o Facebook, dono da plataforma desde 2014. A única exceção são usuários do Reino Unido e União Europeia, região que possui organizações de proteção de dados que fecharam acordos com as empresas.
O aplicativo garante que o conteúdo das mensagens trocadas pelos usuários é criptografado de ponta a ponta e não pode ser acessado. Com a mudança na política, entretanto, passarão a ser compartilhados com o Facebook e empresas parceiras dados como informações de registro e número de telefone, endereço de IP, dados de transações e pagamentos, informações sobre o dispositivo e sobre a interação entre usuários. Esse compartilhamento de dados serviria para aprimorar o recurso de compras online do Facebook.
De acordo com o sociólogo Sergio Amadeu, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) e especialista em redes digitais, o objetivo da mudança do WhatsApp é aprimorar a “modulação de comportamento” dos usuários para fins comerciais e políticos.
“A vigilância para fins comerciais será ampliada de um modo que nenhum minuto da vida de uma pessoa não esteja sendo medido e avaliado pelos sistemas e modelos de predição e modulação de comportamentos”, alerta Amadeu.
“Não podemos aceitar que elas [empresas como WhatsApp e Facebook] possam coletar tantos dados e metadados das pessoas e de populações quase inteiras. Dizer que cabe às pessoas decidirem se consentem ou não com essa coleta é completamente enganoso”, completa o especialista.