Sleeping Giants Brasil sai do anonimato: Namorados, 22 anos, estudantes de Direito

Leonardo de Carvalho Leal e Mayara Stelle, que namoram desde os 15 anos e vivem em Ponta Grossa, surpreenderam a internet ao revelarem que estão por trás do perfil Sleeping Giants Brasil, que atua contra fake news e discurso de ódio nas redes

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Alvo de teorias da conspiração, de que teriam "um grande mecanismo por trás" para derrubar a monetização de sites que propagam fake news e discursos de ódio, o Sleeping Giants Brasil (SGB) saiu do anonimato e surpreendeu a internet na madrugada deste domingo (13).

Criado às 5h de uma segunda-feira há cerca de sete meses em um laptop sem bateria, o Sleeping Giants Brasil é obra do casal de namorados Leonardo de Carvalho Leal e Mayara Stelle, ambos com 22 anos, que cursam o sétimo período de uma faculdade pública de Ponta Grossa, no interior do Paraná.

Leal atuava como motorista de Uber até bater o carro no início do ano. Mayara atuava como vendedora de cosméticos, mas não conseguiu levar o negócio adiante por causa do fechamento dos salões de beleza da cidade. Atualmente, os dois têm como única fonte o auxílio-emergencial pago pelo governo Jair Bolsonaro.

Após publicação de uma reportagem na coluna de Mônica Bergamo, na edição deste domingo (13) da Folha de S.Paulo, Leal e Mayara, que estão juntos desde os 15 anos e moram com os pais, saíram do anonimato no próprio perfil do SGB nas redes.

"Prazer eu sou a @mayara_stelle e #EuSouSleepingGiantsBrasil. Prazer eu sou o @leonardodcleal e eu #EuSouSleepingGiantsBrasil. O Sleeping GIants Brasil é um movimento de 570 mil consumidores brasileiros, agradecemos a todos o apoio dado até aqui!", diz a sequência de tuítes publicado aos 24 minutos desta madrugada, que ainda agradece à Mônica Bergamo e ao também jornalista Ivan Finotti.

https://twitter.com/slpng_giants_pt/status/1337961614595731457

"E pra quem quer um spoiler do que virá: o movimento não vai parar!", diz a sequência.

https://twitter.com/slpng_giants_pt/status/1337961616009273344

Fim do anônimato
Na reportagem, o casal conta que deixou a casa dos pais, no interior do Paraná, e está hospedado em São Paulo por um amigo para revelarem a identidade.

"Tivemos que nos distanciar das famílias para mantê-los seguros. Minha família é muito distante da internet, são pessoas mais velhas, é difícil até explicar o que nós estamos fazendo. Então optamos por sair do anonimato longe deles. Neste momento estamos na casa de um amigo, em São Paulo", conta Mayara.

O casal conta que desde a criação, já teriam desmonetizado mais de R$ 1,5 milhão de sites que propagam o ódio, principalmente ligados à extrema-direita.

O primeiro alvo foi o Jornal da Cidade Online, site bolsonarista que move ação judicial para que o SGB abra o anonimato. Eles listam ainda os sites Conexão Política e Brasil Sem Medo, além do canal do Olavo de Carvalho no YouTube e o grupo paramilitar 300 do Brasil, da Sara Winter.

O casal diz que, diferente do que as hordas bolsonaristas propagam pela internet, não tem atuação política e cita o alerta ao Porta dos Fundos, que tirou do ar um vídeo que mostrava misoginia contra uma vereadora eleita de direita após ser alertado pelo perfil.

"A gente não olha se o site é de esquerda ou de direita. Infelizmente, sabemos que o discurso de ódio está presente em todos os espectros políticos. O que acontece é que, nesse momento, não dá para negar que a extrema direita tem um alcance de desinformação muito maior que a esquerda", diz Mayara.

"O Jornal da Cidade Online é a página de notícias do Facebook que tem maior engajamento sobre o coronavírus. Mais do que a Globo, do que a Folha, do que o Estadão. Quanto mais acesso o site tem, mais dinheiro ele vai ganhar. Então, os dois critérios são muito objetivos: a quantidade de conteúdo fake e o alcance que esse conteúdo tem", complementa Leal.

Autorizados por Matt Rivitz, criador do movimento Sleeping Giants, o casal pretende expandir o trabalho após sair do anônimato, mesmo diante de ameaças - inclusive de morte - que já sofrem pelo perfil do SGB.

"Nesse momento não temos estrutura. A saída do anonimato pode abrir inúmera portas e no futuro podemos trabalhar em outras áreas, como essa", disse Leal ao responder se atuariam também contra "empresas brasileiras que trabalham com ditaduras que desrespeitam os direitos humanos".