G1 ilustra matéria de aborto por estupro com feto de plástico e gera protesto nas redes

"Todo conservador maluco a lá Sara Winter tem um desse na bolsa", criticou a jornalista Patrícia Lélis

Foto: Marcha Mundial das Mulheres
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O portal de noticiais G1, da Globo, compartilhou nas redes sociais uma reportagem sobre a portaria do governo Bolsonaro que dificulta a realização de aborto em casos de estupro. Para ilustrar o texto, o portal optou por uma foto de uma mulher segurando nas mãos um feto de plástico. A imagem gerou diversas críticas nas redes.

"Tenho pavor desse fetinho de plástico, todo conservador maluco a lá Sara Winter tem um desse na bolsa", escreveu a jornalista Patrícia Lélis. "Parem de usar essa imagem", reforçou a escritora Rosana Hermann.

O uso da imagem do feto foi criticado por contribuir com o constrangimento e sentimento de culpa nas mulheres que optam pelo aborto. A portaria do governo Bolsonaro citada na reportagem do G1, inclusive, atua na mesma linha ao exigir que a equipe médica oferecesse à gestante, antes da realização do aborto por estupro, a possibilidade de visualizar o feto ou embrião por ultrassonografia.

"Parem com o fetinho e as barrigas nas matérias. Querem Ilustrar corretamente encham uns absorventes com sangue que é mais realista", disse a escritora Clara Averbuck em resposta à reportagem do portal.

"Ser jornalista é saber que não é só o texto que faz parte da informação. A imagem faz parte da informação. E está imagem é completamente inapropriada para o tema escrito. Pq escolher a imagem que faz parecer que a situação continua aberta a julgamentos?", questionou a jornalista Mari Tegon.

A reportagem do G1 aborda uma resposta do Ministério da Saúde enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) em relação a questionamentos feitos por parlamentares sobre a portaria. Na nota, a pasta afirma que a nova portaria não questiona o direito das vítimas desse crime de realizar a interrupção da gravidez.

"O texto da Portaria 2.561/2020 não questiona, em nenhum momento, o direito da mulher vítima de violência sexual em optar pelo procedimento de interrupção da gravidez, como disposto no art. 128 do CP [Código Penal] nem mesmo apresenta qualquer barreira à realização do procedimento. A medida é necessária apenas para a proteção da vítima e garantia de segurança jurídica aos profissionais de saúde", afirma o documento elaborado por advogados da União.

A portaria do governo, no entanto, foi amplamente criticada por parlamentares e grupos feministas. Em uma primeira versão do texto, a norma obrigava profissionais de saúde a notificar a polícia em caso de pacientes que queiram abortar após estupro.

https://twitter.com/rosana/status/1321764816843886592
https://twitter.com/lelispatricia/status/1321778280459046913
https://twitter.com/Lia_a_Carioca/status/1321764980690194432
https://twitter.com/maritegon/status/1321765266418794498
https://twitter.com/claraaverbuck/status/1321646780690432000

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