Recém alçado ao posto de "super" ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (Sem Partido), o ex-juiz Sergio Moro continuou em contato com seus pares da Lava Jato em Curitiba e, antes de palestrar sobre corrupção e uso da tecnologia no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, em janeiro de 2019, consultou Deltan Dallagnol sobre países em que a força-tarefa ainda teria dificuldades de cooperação. A informação é de Herculano Barreto Filho, no portal Uol nesta quarta-feira (10).
"Moro: 'Estarei em Davos na semana, pode me dizer sucintamente com quais países ainda temos dificuldade com cooperação, Hong Kong por exemplo forneceu aquelas provas?'. Vc descobre e me passa por favor?", diz a mensagem compartilhada por Dallagnol às 22h23 do dia 20 de janeiro no aplicativo do grupo de procuradores.
Em mensagem encaminhada a Dallagnol, uma pessoa identificada como Douglas Prpr cita como exemplo listado por Moro a dificuldade na cooperação com a Espanha sobre o caso envolvendo Rodrigo Tacla Duran, ex-advogado da Odebrecht, que denunciou supostos esquemas de pagamento de propina em troca de melhorias em delações premiadas negociadas em Curitiba.
"Deltan já indiquei o seguinte: 1) Bahamas - extrema dificuldade 2) Espanha - A citação do Tacla ainda não ocorreu (estamos há mais de 2 anos tentando) 3) Hong Kong realmente finge que não entende nossas Coopins e fica perguntando um milhão de vezes a mesma coisa pra não cumprir". Dallagnol responde com seu habitual "Shou".
Putin
Entre os diálogos de procuradores que vieram à público após a decisão do ministro Ricardo Lewandowski de tornarem públicos os dados da Operação Spoofing, há diversas menções ao advogado Tacla Duran.
Em uma delas, o procurador Deltan Dallagnol, então coordenador da Lava Jato, afirma que o ex-juiz Sérgio Moro não gostou nada da convocação do advogado como testemunha solicitada pela defesa do ex-presidente Lula.
“Vi que Putin ficou bem putin com isso”, disse Dallagnol no dia 27 de agosto ao comentar sobre a notícia de que a defesa convocou Durán como testemunha. “Putin” era um dos codinomes usados pelos procuradores para se referirem a Moro.