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POLÍTICA
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Um artigo do jornal britânico The Independent publicado nesta segunda (1) repercute as reportagens da série Vaza Jato, com revelações sobre os bastidores da Operação Lava Jato e como o ex-juiz Sérgio Moro comandava a equipe de promotores do Ministério Público para produzir os efeitos jurídicos e políticos que ele desejava.
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A matéria diz que “a investigação Lava Jato foi comemorada como uma vitória na guerra contra a corrupção no Brasil (...) para muitos brasileiros, marcou o fim da impunidade da elite e era celebrada internacionalmente, e Moro era visto como herói incorruptível. No entanto, as recentes revelações feitas pelo The Intercept e o jornalista Glenn Greenwald abalaram as fundações da política brasileira, revelando uma investigação e um juiz que se engajou regularmente em práticas ilegais e antiéticas para obter resultados - muitas vezes por motivos políticos partidários. Os efeitos desestabilizadores e radicalizantes de Lava Jato na política brasileira levam a seguinte questão: será que a cura foi pior que a doença?”.
O artigo relata os efeitos políticos produzidos pela Lava Jato e como as reportagens do The Intercept mostram que os procuradores do MPF (Ministério Público Federal) buscaram produzir esses efeitos com suas ações, especialmente o impedimento político do ex-presidente Lula da Silva: “há numerosos exemplos de Moro sugerindo linhas de argumentação e investigação aos promotores; evidência de que o juiz mandava no chefe dos procuradores, Deltan Dallagnol, e o fazia afastar um promotor do caso Lula que ele considerava fraco ou impedir que Lula desse uma entrevista antes da eleição, para não ajudar seu candidato, Fernando Haddad”.
O The Independent também cita as matérias mais recentes da Vaza Jato, falando das desconfianças de alguns promotores a respeito dos métodos de Moro, e inclusivo da bomba deste domingo: “Os promotores de Lava Jato também pressionaram a principal testemunha contra Lula a mudar sua história para implicar Lula, em um caso que eles reconheceram ser fraco”.
O texto, assinado pelo correspondente Benjamin Fogel, também mostra o outro lado, dizendo que “Moro negou ter feito qualquer coordenação com os promotores, e afirmou por meio de uma série de textos no altamente duvidoso site de extrema direita 'O Antagonista' que as mensagens foram obtidas ilegalmente por hackers e tiradas do contexto”.
Finalmente, o The Independent considera que Moro “poderia ser forçado a renunciar”, e que também coloca em risco o governo de Jair Bolsonaro, embora considere que “o legado mais duradouro de Lava Jato pode acabar sendo a ascensão de Bolsonaro, um fanático perigoso que se beneficiou de uma unidade anticorrupção, que consome muitos estabelecimentos, e que se mostrou bem menos pura do que se pensava inicialmente. E foi Moro - uma figura de direita partidária com ilusões messiânicas, disposta a acabar com o estado de direito em busca de seus objetivos - que desempenhou o papel fundamental em colocá-lo lá”.