O secretário especial de Cultura do governo federal, Mario Frias, que adora tecer críticas à Lei Rouanet, gastou R$ 39,1 mil para se encontrar com o lutador de jiu-jítsu Renzo Gracie em Nova York em 2021. A informação, revelada pelo colunista Lauro Jardim, do jornal "O Globo", está disponível no Portal da Transparência.
Somente para os voos de ida e volta aos Estados Unidos, Frias gastou R$ 26 mil de dinheiro público (R$ 13 mil cada trecho). Em diárias, o valor de R$ 12,8 mil. Também foi contratado um seguro de R$ 305, totalizando R$ 39,1 mil.
A viagem foi feita para discutir assuntos culturais com o lutador, que é apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL). Frias “foi convidado pelo senhor Renzo Gracie para apresentar um projeto cultural envolvendo produção audiovisual, cultura e esporte”, afirma justificativa no Portal da Transparência.
Além de Frias, seu adjunto, Hélio Ferraz, também voou ao custo de R$ 26 mil e recebeu diárias de R$ 12,8 mil, mais seguro de R$ 261. No total, as viagens dos dois custaram R$ 78,2 mil aos cofres públicos.
Gracie acaba de ser biografado pelo ex-secretário federal da Cultura, Roberto Alvim, demitido por fazer um vídeo com com apologia ao nazismo. "Renzo Gracie: Uma Vida Heróica" será lançado no próximo dia 14 pela editora Auster.
Frias diz que manchetes são "mentirosas"
Nas redes sociais, Frias afirmou que as manchetes seriam "mentirosas". "Não paguei essa quantia por essa viagem, não viajei de executiva e a finalidade da viagem não foi da forma como colocaram nas inverídicas manchetes", escreveu o secretário.
"Tenho todos os documentos que comprovam a mentira propalada por esses jornalistas e estamos avaliando notificá-los para prestar explicações, de forma judicial, sobre essas fantasiosas informações", continuou.
Governo reduz cachês para projetos da Lei Rouanet
Como parte da política de desmonte da cultura no governo de Jair Bolsonaro, o secretário de fomento da Secretaria Especial da Cultura, André Porciuncula, anunciou a redução do teto para cachês de projetos culturais realizados por meio da Lei Rouanet.
De acordo com anuncio de Porciuncula, que é capitão da Polícia Militar (PM), o limite estabelecido deverá ser de R$ 3 mil para os cachês artísticos pagos pela Lei Rouanet, segundo a Folha de S.Paulo.
Conforme norma em vigor desde 2019, o limite do valor de cachês pagos com recursos da lei hoje é de R$ 45 mil para artista ou modelo solo por apresentação e R$ 90 mil para grupos artísticos, menos orquestras. Com o novo teto, se for aprovado, o limite máximo dessa remuneração cairia em 93%.