Enquanto negocia polpudas verbas públicas para igrejas e projetos de aliados do governo, Michelle Bolsonaro faz eco nas redes sociais às estratégias do marido, propagando discursos de ódio contra aqueles que não compactuam das posições extremistas e preconceituosas do clã presidencial.
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Em publicação nos stories de seu perfil no Instagram, a primeira-dama divulga um vídeo do pastor André Valadão, que mora nos EUA e recentemente promoveu um encontro entre bolsonaristas em sua igreja, com a presença de figuras como Allan dos Santos, acusado de comandar a milícia virtual que propaga ódio e fake news, e o ministro das Comunicações, Fábio Faria.
Nas imagens, o "pastor", é indagado: "Pastor, como pode ter cristão comunista! Me explica isso!?". E responde: "Não tem como, não tem como. Se você segue a Bíblia e a palavra de Deus e você sabe a essência do comunismo não tem jeito de ser crente e comunista, não", disse Valadão, que é próximo ao clã e amigo pessoal de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), lobista da indústria de armamentos.
O "ódio evangélico"
A propagação do discurso é parte do que o pastor Zé Barbosa Junior, teólogo e escritor, chama de "ódio evangélico" disseminado por algumas igrejas no Brasil que são a base do eleitorado bolsonarista.
"Não há como entender o apoio evangélico a Bolsonaro sem entender um pouco da mentalidade de grande parte da igreja evangélica brasileira. A mentalidade evangélica 'clássica' é a da contrariedade, do inimigo, da demonização do outro", diz Zé Barbosa em artigo nesta Fórum.
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"Não basta dizer que o meu é bom. Isso não adianta. A mente “evangélica” não funciona na lógica do bom, mas sempre na negação. Assim foi formado o “ethos” da maioria evangélica brasileira (oriundo do sul dos EUA), sempre baseado na NEGAÇÃO de alguma coisa", explica.
Segundo Barbosa, pastores midiáticos como Silas Malafaia e Valadão entenderam todas essas coisas desde cedo e por isso "dão certo".
"São pregadores do ódio, da raiva, e forjam “perseguições” para que apareçam sempre como os 'defensores da fé”, guerreiros de uma batalha sangrenta contra “as hostes de Satanás' […] É por isso que a violência de Bolsonaro “em nome de Deus” encontra espaço e corações abertos em uma parte do evangelicalismo brasileiro", ressalta.