Após Bolsonaro falar que vai flexibilizar uso de máscaras, Queiroga não garante: "Me pediu um estudo"

O ministro da Saúde, no entanto, tentou defender o presidente, dizendo que ele está "sempre preocupado com pesquisas com relação à Covid"

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga (Reprodução)
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O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, diante da péssima repercussão do anúncio de Jair Bolsonaro, que o citou para afirmar que vai desobrigar vacinados e pessoas que já foram infectadas pela Covid-19 de usar máscara, foi à público, no início da noite desta quinta-feira (10), para esclarecer a situação. Segundo o médico, Bolsonaro o pediu um "estudo" sobre a flexibilização das máscaras - contrariando a declaração de Bolsonaro de que o ministro assinaria um "parecer" para implantar a medida.

"Recebi do presidente Bolsonaro uma solicitação para fazer um estudo acercado uso das máscaras. O presidente está muito satisfeito com o ritmo da vacinação no Brasil. O presidente está acompanhando o cenário internacional e vê que em outros países que a vacinação já avançou, estão flexibilizando o uso das máscaras", disse Queiroga em vídeo divulgado nos perfis oficiais do Ministério da Saúde nas redes sociais.

Em seu "esclarecimento", no entanto, Queiroga não mencionou que os países que têm flexibilizado estão com a vacinação muito mais avançada que o Brasil. Até o momento, apenas 11,1% da população brasileira foi vacinada com as duas doses contra a Covid.

"O presidente me pediu que fizesse um estudo para avaliar a situação no Brasil. Então, vamos atender a essa demanda, o presidente está sempre preocupado com as pesquisas com relação à Covid", afirmou ainda o ministro, saindo em defesa do titular do Planalto.

Assista.

https://twitter.com/minsaude/status/1403121655921184769

Saúde pega de surpresa

A equipe do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, foi pega de surpresa com o anúncio feito pelo presidente Jair Bolsonaro de que ele e o ministro pretendem desobrigar o uso de máscara de proteção a pessoas que já foram vacinadas contra a Covid-19 ou que já tenham sido infectadas pela doença do coronavírus.

Assessores de Queiroga afirmaram ao colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, que nunca haviam ouvido falar na possibilidade. Isso contraria, de certa forma, o que disse Bolsonaro.

“Acabei de conversar com Queiroga e ele vai ultimar um parecer visando a desobrigar o uso de máscara por parte daqueles que estejam vacinados ou que já foram contaminados para tirar esse símbolo que obviamente tem a sua utilidade para quem está infectado”, disse Bolsonaro em discurso.

A medida contraria todos os protocolos utilizados ao redor do mundo para conter o avanço do coronavírus, já que a maioria da população deve estar vacinada – o que não é o caso do Brasil – para que se atinja um grau seguro de imunidade. Além disso, o presidente mente ao afirmar que máscara “tem sua utilidade para quem está infectado”, já que ela protege quem não tem a doença de se infectar. Além disso, já é comprovado que é possível uma pessoa ser infectada pela Covid-19 mais de uma vez.