Uma publicação do dia 24 de agosto no perfil da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República comprova que o ex-assessor-chefe adjunto da assessoria especial da Presidência, Arthur Weintraub, foi designado por Jair Bolsonaro "especialmente para acompanhar questões relativas ao tratamento precoce da Covid-19".
"Nesta segunda (24), Weintraub e representantes de mais de 10 mil médicos falaram sobre como vencer a doença", diz a publicação, divulgando vídeo de Weintraub no evento “Brasil Vencendo a Covid”, reaizado no Palácio do Planalto.
"Logo no fim de fevereiro, começo de março, eu já conversando, o presidente, ele teve já uma postura de entender o problema e ele sempre tratou essa questão sem dogmas, sem verdades incontestáveis. E o presidente sempre defendeu o que, existe um tratamento precoce, um atendimento precoce, que envolve o uso 'off label' da hidroxicloroquina e da cloroquina", diz Weintraub.
"Com o tratamento ainda no início da doença e os remédios certos, sem ideologizar o problema nem usar uma crise de saúde como instrumento político, é possível salvar cada vez mais vidas", diz o texto do tuite publicado no dia 24 de agosto, quando o Brasil registrou 115.451 mortos pela Covid-19.
Twitter
Em uma sequência no Twitter, o perfil @odemotape listou uma série de publicações de Arthur Weintraub. Em um deles, de 8 de agosto, Weintraub compartilha uma publicação dele próprio, no dia 19 de março de 2020, e diz que "já vinha falando da hidroxicloroquina" com Bolsonaro. "Lembro que cheguei a trabalhar no final de semana dando apoio com insumos e doações de medicamento", escreveu em agosto.
No tuite de março, o ex-assessor de Bolsonaro, que foi alçado a um cargo na OEA pelo presidente, cita Donald Trump para compartilhar um estudo sobre a cloroquina em que "aparentemente há eficácia no tratamento".
Na sequência, o perfil ainda compartilha uma notícia da revista Época de junho de 2020, que diz que Abraham Weintraub nomeou o anestesista Luciano Dias Azevedo para o Conselho Superior da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Defensor da cloroquina, Dias Azevedo discursou no evento dos médicos com Bolsonaro e seria um dos principais municiadores de informação do gabinete paralelo.
O anestesista, que chegou a ser cotado para o Ministério da Saúde, também é um crítico da OMS, que afirma estar prestando um "desserviço".