Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (21), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, se mostrou irritado com a cobertura da imprensa sobre o atraso na vacinação contra a Covid-19 no Brasil. O médico sugeriu que as pessoas parem de ficar "contando doses" quando foi perguntado sobre a tentativa do governo de obter imunizantes da Pfizer, negligenciados por Jair Bolsonaro em 2020.
Durante a coletiva, Queiroga seguia a narrativa do presidente ao afirmar que o Brasil é "o 5º país que mais vacina" no mundo e foi questionado por uma repórter: "Mas em relação à população [a proporção] é muito pequena". O ministro, por sua vez, disse que o Brasil é o 9º país que mais vacinou fazendo a proporção entre doses aplicadas e população.
Ainda assim o ritmo é lento e a escassez de vacinas é evidente, visto que o próprio ministro, na entrevista, admitiu que vacinação de todo o grupo prioritário - 77,2 milhões de pessoas - só deve ser concluída em setembro. A princípio, a previsão do Ministério da Saúde era concluir esta etapa em maio e o governo o governo já chegou a anunciar, inclusive, que pretendia vacinar 80 milhões de pessoas (metade da população elegível para receber a vacina) até metade do ano - meta que agora, naturalmente, foge da realidade.
Questionado sobre esse atraso, Queiroga respondeu: "Vamos deixar de ver só problema. Porque, na realidade, a gente está aqui é pra dar solução à nossa população. Fica com essa coisa de contando doses de vacina. Vamos vacinar a população brasileira. Estamos aqui trabalhando e vocês são testemunhas disso".
Assista.
Sobre as tratativas para adquirir 100 milhões de doses da vacina da Pfizer, o ministro disse que estão "bem adiantadas" e que "quando o contrato estiver firmado nós vamos falar para vocês".
O presidente Jair Bolsonaro se recusou a fechar acordo por 70 milhões de doses com a empresa em 2020. Foi contra a Pfizer que o mandatário deu a estapafúrdia declaração de que alguém poderia “virar um jacaré” com a medicação.
Em agosto de 2020, o laboratório fez três propostas ao governo brasileiro. Na primeira delas, o lote inicial seria entregue em dezembro de 2020, sendo 3 milhões até fevereiro. Com a resistência do governo, a Pfizer chegou a prometer entregar 1,5 milhões de unidades do imunizante em dezembro de 2020.