Janio de Freitas: Bolsonaro dá aumento a servidores armados e golpe segue no seu rumo

Para o jornalista, estratégia é a mesma formulada pelo aliado de Donald Trump, Steve Bannon, de "acusar o sistema eleitoral, atrair os bandos arruaceiros e erguer a situação para o golpe"

Jair Bolsonaro com policiais militares (Foto: Alan Santos/PR)Créditos: Alan Santos/PR
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O aumento salarial dado aos servidores armados da Polícia Federal traz um alerta para a tentativa de golpe do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022.

Em sua coluna na "Folha de S. Paulo", o jornalista Janio de Freitas afirma que "comprar a aliança dos armados faz um retorno aos agrados preparatórios do golpe frustrado", ante ao esmagador resultado eleitoral antevisto nas atuais pesquisas, que apontam para a vitória em primeiro turno do ex-presidente Lula (PT).

"É o que sobressai nesse privilégio prometido por Bolsonaro, e já antecipado aos militares, quando todo o restante do serviço público federal está há cinco anos sem reposição alguma das perdas salariais", diz o jornalista.

Segundo Janio, a estratégia é a mesma formulada pelo aliado de Donald Trump, Steve Bannon, de "acusar o sistema eleitoral, atrair os bandos arruaceiros e erguer a situação para o golpe". "O programa que Trump praticou, fracassado na etapa final porque a invasão do Congresso não teve o desdobramento esperado", observa.

Para ele, Bolsonaro adota o "programa sem desvios" porque o desfile de tanques em Brasília não surtiu o esperado efeito, assim como o "desfile de outra posse não moveu os apoiadores bestificados, a massa em São Paulo ouviu o discurso mofado e apenas dissipou-se".

Janio alerta, porém, que a tentativa de Bolsonaro poderá ser frustrada. Além da barragem feita pela Justiça Eleitoral em relação à urna eletrônica, o atual presidente colhe um vexame nas pesquisas eleitorais para o próximo ano.

"Se a solução de Bannon é o golpe, segue o plano: nos Estados Unidos, o movimento golpista de Trump já provoca até advertência de generais para o risco de golpe contra a eleição de 2024; aqui, Bolsonaro retoma seu ideal. Convulsão, não eleição. Assunto impróprio diante de novo ano. Não no país impróprio", afirma o jornalista.