Por mais incrível que possa parecer, Jair Bolsonaro assinou um decreto, publicado no Diário Oficial desta quinta-feira (4), para condecorar a si mesmo, além de alguns de seus ministros. Para piorar, os títulos são da Ordem Nacional do Mérito Científico.
A honraria é concedida a personalidades brasileiras e estrangeiras em reconhecimento a contribuições para o desenvolvimento da ciência no Brasil. Essa informação torna o título recebido por Bolsonaro, ofertado por ele mesmo, mais acintoso ainda.
O presidente não ofereceu nenhuma contribuição científica desde que assumiu o Executivo. Pelo contrário. Desrespeitou e tentou desqualificar a ciência durante a pandemia da Covid-19.
Seu negacionismo provocou aglomerações em suas aparições públicas. Além disso, ele fez propaganda de remédios comprovadamente ineficazes no tratamento da Covid, como cloroquina, zombou do uso de máscara de proteção, entre dezenas de outras ações irresponsáveis. Lembrando que já morreram mais de 600 mil pessoas no país pela doença.
Chefe da classe mais alta, a Grã-Cruz, Bolsonaro foi oficializado como grão-mestre, posto reservado ao presidente da República.
Desafetos
O astronauta Marcos Pontes, ministro da Ciência e Tecnologia, foi condecorado com o título de chanceler. O ministro da Economia, Paulo Guedes, o dono da offshore milionária em paraíso fiscal, ganhou um lugar no Conselho da Ordem.
No final de outubro, Guedes chamou o astronauta de “burro”, durante reunião que discutia os R$ 600 milhões de recursos retirados da pasta.
O decreto oficializou, ainda, outros títulos da Grã-Cruz, como o de secretário-executivo e de personalidades nacionais da Ordem.