Laura Bolsonaro: chegada de filha do presidente a Colégio Militar causa tensão, diz professor

Por determinação de Bolsonaro, Laura, de 11 anos, foi matriculada no Colégio Militar de Brasília sem passar por processo seletivo.

Jair Bolsonaro levou a filha Laura, de 11 anos, em uma das viagens oficiais do governo a Dubai, nos Emirados Árabes (Foto: Alan Santos/PR)
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Um professor do Colégio Militar de Brasília (CMB) relatou ao jornal O Tempo que a escola vive clima de tensão com a chegada de Laura Bolsonaro, filha de Jair Bolsonaro, que determinou a matrícula da caçula sem passar pelo processo seletivo.

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Segundo o professor, que pediu anonimato com medo de sofrer represálias, o privilégio concedido à Laura, que cursará o 6º ano no Colégio a partir de 2022, "não é do agrado da maioria, nem dos próprios militares, porque eles sabem que poderão ser submetidos a novos níveis de pressão”.

“Dependendo de qual turma a Laura vai ficar alocada, pode ser uma turma com grande número de concursados, e essas crianças podem adorá-la por ser filha do presidente ou hostilizá-la por ter privilégios. É uma situação desconfortável a que essa criança vai ser submetida. Não se sabe nem mesmo se ela quer estar nesse colégio”, disse o professor.

Ele afirma ainda que muitos funcionários da escola temem sofrer represálias caso contrariem as determinações do presidente.

Segundo o professor, que é civil, as séries são geridas por militares, que ficam responsáveis para montar as equipes que vão orientar os alunos.

“A carreira dessa pessoa pode ser prejudicada em caso de atrito com a família do presidente. Isso pesa bastante na organização da equipe", diz o professor.

Determinação ao comandante do Exército

Jair Bolsonaro determinou ao comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, admitisse a filha, Laura, de 11 anos, no Colégio Militar de Brasília, sem passar pelo processo seletivo.

Bolsonaro usou uma manobra para burlar as regras militares, que admitem apenas o ingresso de “órfão filho de militar de carreira ou da reserva remunerada do Exército" e de dependente de militares da carreira em situações específicas.

Usando o fato de ser presidente e, consequentemente, chefe das Forças Armadas, Bolsonaro determinou a matrícula da filha e foi atendido pelo comando do Exército.

"A menor é dependente legal do presidente da República, comandante supremo das Forças Armadas, nos termos do inciso XIII do artigo 84, da Constituição Federal. O regulamento mencionado faculta ao comandante do Exército apreciar casos considerados especiais, ouvido o Decex, conforme justificativa apresentada pelo eventual interessado”, alegou a força.

A matrícula de Laura sem concurso, no ano letivo de 2022, repete o benefício dado ao filho da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP). No ano passado, o menino de 11 anos foi matriculado no colégio, sem seleção, para cursar o sexto ano.

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