O Instituto Conservador-Liberal (ICL), ONG presidida pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), se beneficiou da recente viagem do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) e sua família por países do Golfo Pérsico. A informação é de Fábio Zanini, da "Folha de S. Paulo".
As visitas do clã aos Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Qatar, países governados por regimes autoritários, serviram para consolidar acordos que haviam sido assinados anteriormente entre o ICL e entidades da região, como o Emirates Policy Center (EPC), um think tank sediado em Abu Dhabi.
Criado em 2013, o EPC surgiu no contexto da Primavera Árabe, quando uma série de manifestações pela região chegou a ameaçar derrubar como um dominó diversas ditaduras.
“O EPC foi estabelecido durante o tumulto da Primavera Árabe para estudar ameaças internas e externas a Estados-nação no região do Golfo e no mundo árabe de modo geral”, diz o site do instituto.
O diretor-executivo do ICL, Sergio Sant'Ana, participou de um seminário do EPC junto de Eduardo. Depois, assinaram um memorando de cooperação com a entidade, para troca de informações e realização de eventos. Embora seja formalmente independente, o instituto tem ligação política estreita com os governantes dos Emirados Árabes.
Outro encontro ocorreu no Bahrein, desta vez com a presença de Jair, que participou de um evento promovido pelo Centro Global Rei Hamad Para a Coexistência Pacífica. A entidade é ligada à monarquia do país e "dedica-se à promoção da tolerância religiosa no reino", governado de forma absolutista pela atual família real há 50 anos.
ICL estreita relações na Europa e América Latina
O ICL é uma difusão das ideias que levaram à eleição de Bolsonaro em 2018, como a defesa da propriedade privada e da "família tradicional brasileira". Os modelos são as instituições trumpistas Heritage Foundation e a American Conservative Union (União Conservadora Americana).
Em setembro, Eduardo organizou uma versão nacional do maior evento direitista dos Estados Unidos, a conferência conservadora Cpac.
Além de contatos com movimentos direitistas da Europa, o ICL também articula com organizações da Venezuela, Colômbia, Argentina e Chile. Estreitar relações com Hungria e Polônia, países com governos conservadores que estão na agenda de visitas de Jair Bolsonaro para 2022, devem ser os próximos objetivos do instituto presidido por seu filho.