Ignorante confesso em economia, Jair Bolsonaro (Sem partido) deve ter se "esquecido" de uma das máximas do neoliberalismo, que diz defender em seu governo, durante a viagem em que estaria negociando a venda fatiada da Petrobras aos "petrodólares" do mundo árabe: "Não existe almoço grátis".
Leia também: Viagem de Bolsonaro a Dubai pode ter relação com planos de privatizar a Petrobras
Após ostentar no luxuoso hotel Habtoor Palace, que tem diárias que chegam a R$ 81 mil, em Dubai, o presidente brasileiro mostrou-se deslumbrado com a suíte oferecida pelo Reino do Bahrein durante sua estadia no país do Oriente Médio.
"Preço do apartamento: a diária, R$ 46 mil, né? Isso dá aproximadamente US$ 7 mil", disse o presidente em vídeo publicado no Youtube por perfil ligado a Carlos Bolsonaro.
Bolsonaro, no entanto, fez questão de dizer que a suíte monumental está sendo paga pelo governo do país árabe, esquecendo-se da frase atribuída a Milton Friedman, um dos gurus do neoliberalismo e mentor do ministro da Economia, Paulo Guedes.
"Poderia eu pagar esse hotel aqui, sem problema nenhum. Quem estaria bancando era você contribuinte [inaudível], mas assim como aconteceu agora há pouco… nós estamos vindo do… do Emirados Árabes Unidos, aqui também, essa despesa aqui vai ser custeada pelo rei do Bahrein. Eu agradeço ao rei do Bahrein. Amanhã, no Catar, nossa hospedagem também será gratuita", disse Bolsonaro, atribuindo as benesses à simpatia dos governos a que recebe.
Venda da Petrobras aos árabes
Em viagem ao Oriente Médio com o ministro da Economia, Paulo Guedes, a tiracolo, Jair Bolsonaro (Sem partido) busca "petrodólares para parcerias de investimentos" visando a venda da Petrobras, um dos principais objetivos do golpe de 2016 contra Dilma Rousseff (PT).
Após Paulo Guedes, sinalizar a busca de “petrodólares para nossas parcerias de investimentos“ – indicando que Jair Bolsonaro (Sem partido) busca no dinheiro para a venda da estatal no mundo árabe -, Mansueto Almeida, sócio e economista-chefe do BTG Pactual, banco fundado pelo hoje ministro da economia e uma das principais arestas de apoio à política econômica do governo, afirmou que “com calma, vamos conseguir privatizar a Petrobras”.
“Da mesma forma que conseguimos quebrar o tabu da privatização dessa companhia [Eletrobras], na Petrobras, isso também é possível“, disse a agentes do sistema financeiro. “É só ter um pouco de calma, que ela vai melhorar muito mais e a gente vai conseguir privatizar”, disse, após afirmar que a estatal está “indo muito bem”.
Funcionário de carreira do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), Mansueto foi alçado por Henrique Meirelles, ministro da Economia do governo golpista de Michel Temer (MDB), à Secretaria de Acompanhamento Econômico (SAE) em maio de 2016. Após fazer coro com as ideias neoliberais do governo, assumiu como Secretário do Tesouro Nacional em abril de 2018 e foi mantido por Bolsonaro até julho de 2020, subordinado a Guedes.
Quando deixou o governo, tornou-se sócio e assumiu o posto de comando no banco fundado pelo ministro e atua nos bastidores como uma espécie de interlocutor entre o governo e agentes do sistema financeiro.