A narrativa de Jair Bolsonaro (Sem partido) contra o que ele chama de internacionalização da Amazônia não passa de mais uma da sua coleção de bravatas. Após atacar órgãos de monitoramento ligados ao governo, como o Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), o governo Jair Bolsonaro (Sem partido) trabalha para formatar uma parceria com o polêmico trilionário Elon Musk, que confessou nas redes ter patrocinado golpe contra Evo Morales na Bolívia.
Deslumbrado, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, posou para foto ao lado do bilionário para anunciar as negociações nas redes.
"Em breve, @elonmusk estará no Brasil para conectarmos as escolas rurais e protegermos a Amazônia utilizando a tecnologia da SpaceX/Starlink. A gente no @govbr não tem otimismo e não tem pessimismo, a gente faz acontecer!", tuitou o ministro, que é casado com Patrícia Abravanel, filha de Silvio Santos.
Foi a quinta publicação de Faria desde este domingo (15), quando visitou a SpaceX, empresa do bilionário
"FENOMENAL reunião com a presidente da SpaceX, Gwynne Shotwell e sua equipe. Convidamos a SpaceX/StarLink para vir ao Brasil para conectarmos todas as escolas rurais do País e utilizarmos a tecnologia e capilaridade que eles têm em satélites para preservarmos a AMAZÔNIA", tuitou o ministro em polvorosa.
Lixo espacial
A empresa de Musk pretende investir US$ 30 bilhões em um projeto chamado Starlink, que está colocando satélites em órbita para fornecer internet a quase 70 mil usuários.
A Sociedade Astronômica Espanhola (SEA, na sigla em espanhol) alerta, no entanto, que a empreitada do bilionário está manchando o céu e prejudicando a observação astronômica, gerando lixo espacial.
“O impacto para a astronomia é praticamente o começo do fim da noite. Mas as pessoas que enviam esses satélites não se importam: nunca falaram com astrônomos nem com o público. São pessoas que comercializam o céu neste exato momento, ganham dinheiro com isso e a consequência é que vamos perder o céu”, alertou o Prêmio Nobel de Física Didier Queloz ao jornal El País.
No ano passado houve um entrechoque entre a Agência Espacial Europeia (ESA) e a SpaceX, que teve seus dispositivos em risco de colisão com o satélite de observação científica Aeolus, forçando a ESA a realizar pela primeira vez uma “manobra para evitar colisão”.