A medida que o tempo passar fica cada vez mais nítido que um dos principais objetivos do golpe de 2016, quando Dilma Rousseff (PT) foi arrancada do poder, é a venda da Petrobras, uma das maiores petrolíferas do mundo e principal empresa estatal brasileira.
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Após Paulo Guedes, sinalizar a busca de "petrodólares para nossas parcerias de investimentos" - indicando que Jair Bolsonaro (Sem partido) busca no dinheiro para a venda da estatal no mundo árabe -, Mansueto Almeida, sócio e economista-chefe do BTG Pactual, banco fundado pelo hoje ministro da economia e uma das principais arestas de apoio à política econômica do governo, afirmou que "com calma, vamos conseguir privatizar a Petrobras”.
“Da mesma forma que conseguimos quebrar o tabu da privatização dessa companhia [Eletrobras], na Petrobras, isso também é possível", disse a agentes do sistema financeiro. "É só ter um pouco de calma, que ela vai melhorar muito mais e a gente vai conseguir privatizar", disse, após afirmar que a estatal está "indo muito bem".
Funcionário de carreira do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), Mansueto foi alçado por Henrique Meirelles, ministro da Economia do governo golpista de Michel Temer (MDB), à Secretaria de Acompanhamento Econômico (SAE) em maio de 2016. Após fazer coro com as ideias neoliberais do governo, assumiu como Secretário do Tesouro Nacional em abril de 2018 e foi mantido por Bolsonaro até julho de 2020, subordinado a Guedes.
Quando deixou o governo, tornou-se sócio e assumiu o posto de comando no banco fundado pelo ministro e atua nos bastidores como uma espécie de interlocutor entre o governo e agentes do sistema financeiro.
A declaração de Mansueto ocorreu na última quinta-feira (11) em evento para o mercado promovido pela Vitreo, uma fintech que atua como um banco de investimentos. A informação foi revelada pelo site Money Times, especializado em assuntos financeiros.
Na palestra, Almeida ainda criticou a entrega da articulação política aos militares e revelou a armadilha de Bolsonaro, que promove um estouro nas contas públicas, que pode fazer com que o próximo presidente não termine seu mandato.
Governo quer "petrodólares" para venda fatiada da Petrobras
A declaração de Mansueto Almeida vai ao encontro do que o governo Bolsonaro propalou em encontro com "investidores" de Dubai, nos Emirados Árabes.
O fundo árade Mubadala já comprou no início do ano comprou a Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, por um valor muito menor do que a empresa realmente vale.
Ao entregar mais fatias da petroleira aos árabes, Bolsonaro colocaria como condição que os preços dos combustíveis fossem reduzidos para o consumidor e, assim, ele se livraria de um “problema” e impulsionaria seus planos de reeleição.
À Fórum, Tadeu Porto, que é diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), afirmou que a possibilidade aventada na análise de Fonseca é real.
“O Guedes está com um discurso de renovar os petrodólares e já tem um tempo que Bolsonaro fala em privatizar a Petrobras. E me parece que se confirma cada vez mais que é uma agenda do governo. A Mubadala já comprou a Rlam, está em processo de tomada, e pode ser que os árabes se interessem, de fato, em se expandir geopoliticamente pegando mais ativos do Brasil”, avalia o dirigente petroleiro.
Em palestra no domingo na capital dos Emirados Árabes, Guedes disse que o Brasil busca "petrodólares para parcerias de investimentos".
“Aqui estão os petrodólares. Nós fizemos um grande movimento no final da década de 80, depois do choque do petróleo, para pegar essa reciclagem de recursos. Só que, naquela época, foi com endividamento. Nós fizemos uma expansão da infraestrutura com base em dívida. Agora nós vamos fazer com participação nos programas de investimento nossos, nas nossas parcerias de investimentos“, disse Guedes, sinalizando que vai incluir os árabes no esquema de venda fatiada do setor petrolífero estatal brasileiro.
O ministro, no entanto, se esquivou de comentar o preço dos combustíveis. Guedes afirmou ainda que “os juros vão subir um pouco para combater a inflação” – o que deve aumentar a crise econômica – ao ressaltar que “o crescimento está contratado”.
“Preço do petróleo é assunto do Ministério de Minas e Energia, taxa de juros é assunto do Banco Central. Eu tenho cá minhas expectativas, mas não comento”, disse o posto Ipiranga de Bolsonaro nos assuntos econômicos.
“Ficar livre da Petrobras”
Em entrevista no último dia 8, Bolsonaro culpou a companhia estatal pelo alto valor dos combustíveis e disse que, para ele, o ideal seria “ficar livre” da Petrobras.
“Para mim, o ideal é você ficar livre da Petrobras. Logicamente, privar para muitas empresas. Não pode tirar de uma monopólio estatal e colocar em um monopólio privado, tem que fatiar isso daí”, afirmou.
O presidente ainda voltou a fazer uma defesa confusa da tese já refutada sobre a incidência do ICMS que, segundo ele, é o que encarece os combustíveis – e não a política de paridade internacional do preço do petróleo adotada pela Petrobras no governo golpista de Michel Temer (MDB) e mantida por ele.
Por fim, ainda criticou a divisão dos lucros da empresa, uma das grandes fontes de receita da União para projetos nas áreas da saúde, da educação e socioculturais.
“Pode melhorar na Petrobras? Pode até porque os dividendos, no meu entender, são um absurdo. R$ 31 bilhões em três meses, eu não quero a parte da União tendo esse lucro fantástico”, disse, ignorando o lucro dos acionistas.