O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu sinais de que pretende manter Jair Bolsonaro (sem partido) nas cordas do judiciário.
Nesta segunda-feira (11), Moraes, que mesmo após o silêncio do presidente segue sendo alvo preferido dos bolsonaristas, prorrogou por 90 dias dois inquéritos: sobre a suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal e sobre a milícia digital que propaga fake news e discurso de ódio nas redes.
Na prática, o ministro mantém Bolsonaro sob a alçada da corte, já que os dois processos o envolvem diretamente.
As duas investigações estão a cargo da Polícia Federal. No caso da 'milícia digital', a delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro já havia pedido a prorrogação ao STF na última semana.
No inquérito sobre a suposta interferência na PF, Moraes já havia determinado que a corporação tomasse o depoimento de Bolsonaro em até um mês.
Rachadinha é corrupção
Outro caso que tem tirado o sono de Bolsonaro também deve perturbar ainda mais as noites do presidente.
Levantamento feito por André de Souza no jornal O Globo nesta terça-feira (12) revela que ao menos cinco dos 10 ministros do STF consideram o esquema das chamadas "rachadinhas" como crime.
Dias Toffoli, Edson Fachin, Ricardo Lewandowski, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes já apontaram em decisões que o caso se trata de crime de corrupção, com desvio de recursos públicos.
A questão apavora Bolsonaro, que tem dois dos três filhos políticos envolvidos em investigações sobre o caso.
A investigação sobre Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) remonta ao período eleitoral, quando o esquema capitaneado por Fabrício de Queiroz veio à tona antes mesmo de Bolsonaro tomar posse.
Já o inquérito sobre o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) vai ainda mais fundo e mostra as raízes de como o esquema foi implantado no clã.
Esposa 02 de Bolsonaro, Ana Cristina Valle teria começado a operar as rachadinhas quando Carlos foi eleito pela primeira vez, aos 17 anos, na Câmara Municipal do Rio.
Chefe de gabinete do enteado, Ana Cristina teria implantando o esquema de corrupção, que depois foi levado ao gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).