Nas cordas: Moraes prorroga dois inquéritos que têm Bolsonaro como alvo

Metade dos ministros do STF também já teria tomado decisões considerando crime de corrupção casos de rachadinhas. Mesmo sob pressão, Bolsonaro mantém pacto de silêncio firmado após 7 de Setembro e não ataca a corte.

Jair Bolsonaro no STF. Foto: Marcos Corrêa/PR
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu sinais de que pretende manter Jair Bolsonaro (sem partido) nas cordas do judiciário.

Nesta segunda-feira (11), Moraes, que mesmo após o silêncio do presidente segue sendo alvo preferido dos bolsonaristas, prorrogou por 90 dias dois inquéritos: sobre a suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal e sobre a milícia digital que propaga fake news e discurso de ódio nas redes.

Na prática, o ministro mantém Bolsonaro sob a alçada da corte, já que os dois processos o envolvem diretamente.

As duas investigações estão a cargo da Polícia Federal. No caso da 'milícia digital', a delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro já havia pedido a prorrogação ao STF na última semana.

No inquérito sobre a suposta interferência na PF, Moraes já havia determinado que a corporação tomasse o depoimento de Bolsonaro em até um mês.

Rachadinha é corrupção

Outro caso que tem tirado o sono de Bolsonaro também deve perturbar ainda mais as noites do presidente.

Levantamento feito por André de Souza no jornal O Globo nesta terça-feira (12) revela que ao menos cinco dos 10 ministros do STF consideram o esquema das chamadas "rachadinhas" como crime.

Dias Toffoli, Edson Fachin, Ricardo Lewandowski, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes já apontaram em decisões que o caso se trata de crime de corrupção, com desvio de recursos públicos.

A questão apavora Bolsonaro, que tem dois dos três filhos políticos envolvidos em investigações sobre o caso.

A investigação sobre Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) remonta ao período eleitoral, quando o esquema capitaneado por Fabrício de Queiroz veio à tona antes mesmo de Bolsonaro tomar posse.

Já o inquérito sobre o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) vai ainda mais fundo e mostra as raízes de como o esquema foi implantado no clã.

Esposa 02 de Bolsonaro, Ana Cristina Valle teria começado a operar as rachadinhas quando Carlos foi eleito pela primeira vez, aos 17 anos, na Câmara Municipal do Rio.

Chefe de gabinete do enteado, Ana Cristina teria implantando o esquema de corrupção, que depois foi levado ao gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).