Bolsonaro diz que votou 'sim' ao Fundeb com foto de Hélio Lopes e Eduardo em jogo de futebol

Derrotado na Câmara, presidente passou o dia tentando convencer que ajudou a aprovar projeto que sempre boicotou e até se distanciou de deputados bolsonaristas que votaram contra

Foto: Reprodução/Facebook
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Depois de ter atuado para boicotar, desidratar e até impedir a votação do novo Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), o presidente Jair Bolsonaro passou a quarta-feira (22) tentando convencer a população de que ajudou na aprovação do projeto.

Na noite desta quarta, o presidente parece ter esgotado os argumentos para a manobra e apelou para uma foto de Hélio Lopes e de um de seus filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), em jogo de futebol. A publicação no Facebook foi acompanhada pela mensagem: "Nós votamos SIM ao FUNDEB. Boa noite a todos".

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A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do novo Fundeb foi aprovado na Câmara na última terça-feira com 499 votos a favor, dos 571 deputados. O principal mecanismo de financiamento da educação básica passa a integrar o texto constitucional. Diante da derrota acachapante, o governo iniciou a narrativa para tentar lucrar com a aprovação.

Mais cedo, o presidente buscou até se descolar de deputados bolsonaristas ferrenhos que votaram contra o projeto. Em conversa com apoiadores no Alvorada, Bolsonaro disse que questionamentos sobre a posição contrárias deveriam ser direcionados aos parlamentares.

"Foi uma votação quase unânime, seis ou sete votaram contra. Os que votaram contra têm seus motivos, só perguntar para eles por que votaram contra", afirmou o presidente. "Alguns dizem que minha bancada votou contra. A minha bancada não tem seis ou sete, não. A minha bancada é bem maior do que essa daí."

Votaram contra o novo Fundeb, nos dois turnos de votação da Câmara, os deputados Bia Kicis (PSL-DF), Chris Tonietto (PSL-RJ), Filipe Barros (PSL-PR), Junio Amaral (PSL-MG) e Paulo Martins (PSC-PR). No primeiro turno, Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP) e Márcio Labre (PSL-RJ) votaram contra. No segundo, Bragança votou a favor e Labre se absteve.

Bolsonaro tinha começado a operação para roubar a paternidade do projeto já na manhã desta quarta, com uma publicação no Facebook. “Transformamos o Fundeb em permanente, aumentamos os recursos e o colocamos na Constituição”, escreveu o presidente.

Omisso em relação ao Fundeb e trabalhando para que a PEC caducasse sem passar pelo Congresso, Bolsonaro chegou a colocar ministros, como Paulo Guedes (Economia) para apresentar propostas que visavam desidratar o Fundeb. O governo também atuou diversas vezes para esvaziar a construção da proposta, debatida há cerca de um ano com representantes do setor da educação. O texto da deputada Professora Dorinha Seabra (DEM-TO) teve apoio de entidades, estudantes e professores.

Nas redes sociais, o deputado Major Vítor Hugo, líder de Bolsonaro no Congresso foi atacado por bolsonaristas ao dizer que o governo foi a favor do Fundeb e “por isso, votamos a favor, a base inteira, com pouquíssimas dissidências”.

“Pior que uma decisão errada é chamar os parlamentares corretos de dissidentes”, comentou, contrariado, o blogueiro Allan dos Santos, investigado como um dos líderes da milícia virtual bolsonarista.

A presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), contestou a postura do presidente.

"Bolsonaro agora diz que a aprovação do Fundeb é mérito do governo dele. Deputados bolsonaristas boicotaram ontem a votação e não satisfeitos, ainda votaram contra o Fundeb. Se não fosse a oposição, o Fundo sequer teria sido aprovado. É muita cara de pau", disse Gleisi.