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Especialistas alertam para o fato de que pesquisas de opinião de institutos diferentes não devem ter seus números consolidados comparadas entre si devido às diferenças metodológicas, mas, sim, o desenvolvimento gradual de cada uma delas. Observando as curvas apresentadas por quatro institutos (Datafolha, Ipespe, Vox Populi e MDA) que publicaram novos levantamentos nos últimos 7 dias, constata-se que Bolsonaro está realmente em queda na aprovação diante da opinião pública.
Avaliação negativa do governo
As duas mais recentes são a do tradicional Datafolha e a da Ipespe, encomendada pela XP Investimentos e mais ligada ao mercado financeiro. Nas duas há uma oscilação negativa parecida. A avaliação do governo como ruim/péssima saltou de 36%, em julho, para 43% no Datafolha. Enquanto no Ipespe a oscilação partiu de 35%, em julho, subiu para 38%, em agosto, e chegou a 41%, em setembro. No Datafolha, o ótimo/bom fica em 29%, enquanto no Ipespe o índice chega a 30%.
No Vox Poppuli, revelado na sexta-feira, o Ruim/Péssimo chegou a 40% após aparecer com 30% em abril, enquanto na pesquisa CNT/MDA, divulgada na segunda-feira da última semana, os números saltaram de 19%, em fevereiro, para 39,5%. Na CNT, a avaliação positiva despencou de 38,9% para 29,4%, enquanto no Vox Poppuli caiu de 26% para 23%.
Dessa maneira, em todos os levantamentos, a avaliação negativa do governo gira em torno de 40%, ultrapassando o índice nas duas pesquisas mais recentes. As avaliações positiva e, por consequência, a regular, são as que apresentam maiores diferenças.
Reprovação pessoal de Bolsonaro
A reprovação pessoal de Bolsonaro subiu de 33% para 38% no Datafolha, enquanto na pesquisa CNT/MDA ela foi de 28,2% para 57%. Já a Vox Poppuli mostrou uma oscilação de 28% para 44% de pessoas dizendo "não gostar" do presidente. Na XP/Ipespe, a opinião negativa sobre Bolsonaro subiu de 26% para 33%.
Queda do bolsonarismo e vitória de Fernando Haddad
As pesquisas também trouxeram questões sobre o bolsonarismo e as eleições de 2018. A VoxPoppuli apontou que o número de pessoas que se identifica como “anti-Bolsonaro” foi de 30%, em abril, para 47%, enquanto os bolsonaristas diminuíram de 34% para 23%. Já o Datafolha trouxe uma simulação do segundo turno das eleições de 2018, apontando uma vitória de Haddad por 6 pontos percentuais: 42% disseram votar no petista, 36% no atual presidente, 18% disseram que anulariam e outros 4% não souberam opinar. Nos votos válidos, a vitória seria de 53,8% contra 46,1%.
Quedas abruptas
O cientista político Alberto Carlos Almeida destaca que o governo passou por duas quedas abruptas na avaliação durante os oito primeiros meses, mas em nenhum momento deixou de cair.
"A avaliação negativa não parou de aumentar. Avaliação negativa: Aumento abrupto entre janeiro e abril; Aumento lento entre abril e julho; Aumento abrupto de julho para agosto. Vê-se por dentro da pesquisa, isto é, em função de outras perguntas realizadas e de seus resultados, que o eleitorado considera que Bolsonaro não está governando. Avaliação positiva: Queda abrupta entre janeiro e março; Estabilidade entre março e julho; Queda abrupta de julho para agosto. A queda abrupta da avaliação positiva em agosto é qualitativamente diferente da queda anterior: eleitores de Bolsonaro o abandonaram Sudeste e Sul se tornam menos resistentes ao discurso e à ação da oposição", analisou Almeida.