Bolsonaro joga tudo em acordo com evangélicos para manter base popular

Católico declarado, mas batizado nas águas do Rio Jordão pelo ex-colega de Câmara, Pastor Everaldo, Bolsonaro sabe que é o eleitorado evangélico que pode garantir os 30% imprescindíveis para tentar uma reeleição em 2022

R.R. Soares e Bolsonaro (Reprodução)
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Durante as eleições 2018, Jair Bolsonaro fez um grande acordo com as principais lideranças evangélicas para montar palanques e transformar templos evangélicos em grandes comitês eleitorais, que foram fundamentais para sua vitória. Tanto que nas pesquisas de boca de urna, 69% das pessoas que se declararam evangélicas diziam ter votado no capitão para presidente. Eleito e acumulando sucessivas crises, Bolsonaro viu sua aprovação em queda livre. Porém, diferentemente de outros setores da sociedade - onde a rejeição já beira os 50% -, entre os evangélicos a desaprovação ao presidente é menos acelerado, estacionando em cerca de 30%. Agora, Bolsonaro joga tudo nesse eleitorado para tentar estancar a sangria de popularidade e chegar com algum status - de "homem cristão" - às eleições municipais de 2020, onde testará sua capacidade de criar uma base aliada nas prefeituras. Neste jogo, a barganha da velha política tornou-se sagrada a ponto de Bolsonaro transferir a Secretaria de Cultura do Ministério da Cidadania para a pasta do Turismo, onde o investigado Marcelo Álvaro Antônio mostrou força ao não cair de maduro em meio ao laranjal do PSL. Na tarde desta quinta-feira (7), Bolsonaro recebe o pastor Romildo Ribeiro "R.R." Soares no Planalto para acertar a ida do filho dele, o ex-deputado federal Marcos Soares (DEM-RJ), para a secretaria, que tem, entre suas atribuições, distribuir os benefícios da Lei Rouanet, que deve começar a contemplar também as igrejas. Marcos Soares é sobrinho de Edir Macedo, que aprendeu o sagrado ofício de criar agremiações evangélicas com o ex-cunhado e atual desafeto, R.R. Soares. Nesta quarta-feira (6), Bolsonaro também recebeu no Planalto o pastor Silas Malafaia, com quem chegou a ter alguns problemas no início do mandato e quer evitar novas rusgas. Na sequência, se reuniu com o futuro vice em 2022, o pastor Marco Feliciano (Podemos-SP), que virou habitué nas viagens internacionais do presidente após criticar o atual vice, Hamilton Mourão. Católico declarado, mas batizado nas águas do Rio Jordão pelo ex-colega de Câmara, Pastor Everaldo - que governa o Rio a partir da projeção que deu a Wilson Witzel (PSC) -, Bolsonaro sabe que é o eleitorado evangélico que pode garantir os 30% imprescindíveis para tentar uma reeleição em 2022. E reza para que nenhum escândalo, além dos incontáveis que já contabilizou neste ano, o abata com um impeachment antes de 2021.