Em entrevista concedida à Globo News nesta terça-feira (17), o ex-ministro José Dirceu analisou possíveis cenários eleitorais para 2026. Na sua avaliação, os partidos de direita devem se unir em torno de uma possível candidatura do atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à presidência da República.
"Nós vamos ter que construir uma aliança para enfrentar. Tudo indica que os partidos de direita vão se unir ao bolsonarismo e vão buscar um candidato único se o Bolsonaro permitir, que seria o Tarcísio de Freitas", ponderou.
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Contudo, ele avalia que legendas desse campo que não são radicais podem se comprometer do ponto de vista político-eleitoral. "O Tarcísio não é invencível, porque essa aliança compromete muito a direita. É a aliança com a agenda do Flávio Bolsonaro. Indulto, anistia, uso da força, trumpismo... O bolsonarismo fica rondando a direita", aponta.
Limites do governo
Dirceu também falou a respeito dos limites da atual gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, a vitória nas eleições presidenciais de 2022 não foi do PT ou da esquerda, e sim do antibolsonarismo.
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"Por isso mesmo que o Lula, quando escolheu o Geraldo Alckmin, eu disse — foi publicado no Painel da Folha de S. Paulo — que aquilo não era importante para a vitória, era importante para governar. E o tempo mostrou isso", sustenta o ex-ministro.
O contexto político que antecedeu o triunfo de Lula em 2022 foi um dos fatores limitantes da ação da esquerda, fazendo com que a atual gestão tivesse que ter uma base de centro-direita. "Vamos lembrar que, de 2013 a 2019, nós estivemos praticamente interditados de fazer política no país. Então, nós perdemos muita força. A direita, não."
"A direita veio em 2014, 16, 18, 20, nas eleições, acumulando força e ocupando território. Avançando política e culturalmente no país. Nós, não. Tivemos que nos defender, primeiro, do impeachment da Dilma; depois, com o Lula livre. Daí tivemos a pandemia. Depois elegemos o Lula presidente, o que era quase impossível, mas com a aliança com o Geraldo Alckmin e com uma frente ampla foi possível", pondera Dirceu.
Em 2026
O ex-ministro também falou sobre a articulação de alianças para uma nova candidatura de Lula nas eleições presidenciais de 2026.
"Hoje, concretamente, nós contamos com o apoio dos partidos progressistas de esquerda. Pode ser que uma parte importante do MDB apoie o presidente Lula e, em alguns estados, [uma parte] tanto do PP como do União Brasil, do PR. Haverá apoio de um ou outro estado. Essa é a realidade hoje", aponta.
O apoio de um partido como o MDB pode ser importante em São Paulo e no Rio Grande do Sul, segundo ele. Para Dirceu, a eleição vai ser decidida em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
"Aliás, o Lula venceu a eleição em São Paulo. É verdade que ele ganhou no Nordeste, mas se o Bolsonaro não perde 4 milhões de votos em São Paulo e 7 milhões no Sudeste, não teríamos ganho. Então, tem que construir isso", alerta.