OBSTRUÇÃO DE JUSTIÇA

Mauro Cid depõe à PF por suposta tentativa de fuga com ajuda de Gilson Machado

Tenente-coronel foi alvo de busca e apreensão e por muito pouco não voltou à cadeia; ex-ministro do Turismo foi preso

O tenente-coronel Mauro Cid após prestar depoimento à PF.Créditos: Valter Campanato/Agência Brasil
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O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, chegou por volta das 11h da manhã desta sexta-feira (12) na sede da Polícia Federal (PF) em Brasília, acompanhado de seu advogado Cézar Bittencourt, para prestar depoimento na esteira de uma investigação que apura suposta obstrução de Justiça na ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado. Pouco antes, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado foi preso pela PF no âmbito da mesma operação. 

Cid, que firmou acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF), chegou a ser alvo de uma ordem de prisão emitida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, mas a decisão foi revogada antes que o mandado fosse cumprido, após pedido de sua defesa. Ele foi alvo apenas de busca e apreensão e agora depõe aos investigadores sobre o caso. Uma nova ordem de prisão não está descartada. 

A investigação apura uma tentativa de obstrução de Justiça por parte de Gilson Machado, que teria tentado obter um passaporte português com o objetivo de facilitar a fuga de Cid do Brasil

Os advogados do ex-ajudante de ordens reconhecem que ele tentou obter cidadania portuguesa em janeiro de 2023, logo após os atos golpistas em Brasília, mas alegam que Cid não tinha conhecimento da suposta iniciativa de Gilson Machado, que teria agido por conta própria.

No pedido que fez ao STF para que Mauro Cid fosse alvo de busca e apreensão, a Procuradoria-Geral da República (PGR) argumentou, entre as suspeitas de que o ex-ajudante de ordens pretendia fugir, que sua família deixou o Brasil e já está nos Estados Unidos.  

Prisão de Gilson Machado 

Ex-ministro do Turismo do governo Jair Bolsonaro, o "sanfoneiro" Gilson Machado Neoto foi preso na manhã desta sexta-feira (13) pela Polícia Federal.

Machado Neto é investigado pela Polícia Federal por tentar obter um passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cid, réu por participação em articulações golpistas no país. A Procuradoria-Geral da República concordou com o pedido e apontou que há indícios de tentativa de obstrução da Justiça. 

Segundo os investigadores, o ex-ministro teria procurado o Consulado de Portugal em Recife, sua cidade de residência, para viabilizar o documento europeu com o objetivo de permitir que Cid deixasse o Brasil. Embora a tentativa não tenha tido êxito, a PF levantou a hipótese de que Machado possa ter buscado outras representações diplomáticas com a mesma finalidade.

Além do episódio de maio deste ano, a corporação lembrou que, em janeiro de 2023, antes da primeira prisão de Mauro Cid, houve procura por uma assessoria especializada em obtenção de cidadania portuguesa, o que reforça a suspeita de uma estratégia para fuga do país.

A PGR avalia que, caso confirmadas, as ações podem configurar favorecimento pessoal e tentativa de interferência nas investigações que envolvem a chamada trama golpista e outros desdobramentos, como o caso das joias e a apuração sobre uma estrutura clandestina na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

*Matéria em atualização

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