MISOGINIA

Abaixo-assinado liderado por Manuela D'Ávila pede cassação de Marcos Rogério por ataques a Marina

Iniciativa busca punir o senador que praticou violência política de gênero contra a ministra do Meio Ambiente

Marina Silva rebate ataques de Marcos Rogério no Senado.Créditos: Geraldo Magela/Agência Senado
Escrito en POLÍTICA el

A organização Mulheres Em Luta (MEL), idealizada pela ex-deputada Manuela D'Ávila, lançou nesta quarta-feira (28) um abaixo-assinado online que pede a cassação do mandato do senador Marcos Rogério (PL-RO) por ataques misóginos à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva

Na última quarta-feira (27), durante audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, Marcos Rogério praticou violência política de gênero contra Marina ao dizer para a ministra se colocar "no seu lugar". Após repetidos ataques e ofensas, Marina Silva abandonou a sessão. 

"'Se coloque no seu lugar' Quando um senador diz isso a uma ministra, ele não está só sendo agressivo — está reproduzindo um sistema que insiste em calar, deslegitimar e expulsar as mulheres dos espaços de poder. O ataque de Marcos Rogério à ministra Marina Silva é um retrato nítido da violência política de gênero e raça. É também um lembrete de que o lugar da mulher ainda é disputado todos os dias — sobretudo quando essa mulher é negra, com trajetória de luta, e ocupa um cargo de liderança", escreveu Manuela D'Ávila em suas redes sociais ao divulgar o link do abaixo-assinado. 

Segundo a organização Mulheres Em Luta, em poucas horas a petição online já ultrapassou as 10 mil assinaturas. 

"A violência política de gênero e raça não pode mais ser normalizada — nem ignorada. Nosso enxame está formado para enfrentar quem tenta silenciar mulheres na política. Nos solidarizamos com Marina Silva e todas as mulheres que, ao ocuparem espaços de poder, são alvo de ataques misóginos e racistas. Exigimos a cassação do senador Marcos Rogério (PL-RO), presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado Federal, que nesta terça-feira (27/5) disse para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, 'se colocar no seu lugar', em um momento de debate", diz texto do abaixo-assinado. 

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Entenda 

A ministra de Meio Ambiente, Marina Silva, abandonou audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, na última terça-feira (27), onde compareceu como convidada, após ataques misóginos do líder do PSDB, Plínio Valério (PSDB-AM), e do presidente da comissão, Marcos Rogério (PL-RO). 

A agressão aconteceu pouco mais de dois meses após Valério dizer que queria "enforcá-la" durante cerimônia da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio), em 14 de março.

"Imagine o que é tolerar Marina 6 horas e dez minutos sem enforcá-la", disse o senador tucano, sobre a participação de Marina na CPI das ONGs, no Senado.

Na terça, Valério voltou à tona e desferiu novo ataque misógino na comissão, comandada pelo bolsonarista Marcos Rogério (PL-RO). Em sua intervenção, em meio a ataques de bolsonaristas, o tucano disse que queria separar "a ministra da mulher", porque  "mulher merece respeito, a ministra não".

Antes do ataque do tucano, Marina teve o microfone cortado diversas vezes por Rogério, que reclamou dizendo que gostaria que ela "fosse uma mulher submissa". "E eu não sou", rebateu a ministra.

"Me respeite, ministra, se ponha no teu lugar”, gritou Rogério, impedindo a ministra de falar e alegando que pediu que ela se colocasse em seu "lugar de ministra de Estado".

Veja vídeo: 

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) acusando Marcos Rogério de machismo e de ter faltado com o respeito a Marina Silva. O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), também saiu em defesa da ministra e defendeu que ela abandonasse o colegiado em meio às confusões.

Ao final, Marina afirmou que só ficaria na comissão se o senador tucano lhe pedisse desculpas. "Sou uma mulher de luta e de paz. Mas nunca vou abrir mão da luta. Não é pelo fato de eu ser mulher que vou deixar as pessoas atribuírem a mim coisas que não disse", disse Marina.

Sem as desculpas, Marina levantou-se e foi embora, mesmo com ameaças de Valério, que dizia que iria convocá-la para novo depoimento.

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