COMBATE À FOME

VÍDEO – Lula faz discurso histórico sobre herança africana no Brasil: "Devemos o que somos"

Presidente participou do II Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar com ministros de mais de 40 países africanos

Lula durante reunião com Ministros de Agricultura da União Africana.Créditos: Ricardo Stuckert
Escrito en POLÍTICA el

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu nesta segunda-feira (19), no Palácio Itamaraty, em Brasília, o II Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural. Reunindo ministros da Agricultura de mais de 40 países africanos, o evento busca transformar o combate à fome em prioridade global, com base na troca de tecnologias sustentáveis e políticas públicas eficazes.

“Precisamos produzir alimentos e sensibilizar o resto do mundo, criando um processo de indignação na mente das pessoas. Não é possível a gente se conformar que, na primeira metade do século 21, existam 730 milhões de pessoas passando fome”, declarou Lula em discurso enfático aos ministros da Agricultura da União Africana presentes ao evento.

Veja vídeo: 

Solidariedade Sul-Sul

Com o objetivo de fortalecer a agricultura familiar e a produção alimentar local na África, o Brasil aposta no compartilhamento de políticas bem-sucedidas, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), além da transferência de tecnologias desenvolvidas pela Embrapa.

Lula lembrou que a fome, muitas vezes, decorre da negligência de quem governa. “Temos condições de mudar isso e determinar uma prioridade: para quem eu quero governar, quem eu preciso atender, a quem o Estado deve servir? Essa é uma decisão que somente nós, governantes, precisamos tomar”, afirmou.

Ele também criticou os gastos militares: “É triste saber que o mundo gastou US$ 2,4 trilhões em armamentos, no ano passado, e não teve a coragem de gastar isso ensinando as pessoas a acabar com a fome”.

Lula reconhece dívida histórica do Brasil com a África

Lula ainda fez um discurso histórico ao reconhecer a herança da África no Brasil.

“Devemos o que nós somos, a nossa cor, a nossa arte, a nossa cultura, o nosso jeito de ser, ao continente africano. O Brasil não pode pagar isso em dinheiro, isso não pode ser mensurado em dinheiro. Mas podemos pagar em solidariedade e em transferência de tecnologia”, disse Lula, reforçando o compromisso do país com a reparação histórica por meio da cooperação.

Assista: 

O chanceler Mauro Vieira complementou: “Temos reforçado os vínculos com cada um dos países africanos, em uma cooperação orientada pela solidariedade e respeito mútuos”.

Vice-primeira-ministra africana saúda compromisso do Brasil

A vice-primeira-ministra do Reino de Essuatíni, Thulisile Dladla, representando as delegações africanas, destacou o papel do Brasil como líder do Sul Global: “O evento aborda a cooperação Sul-Sul, numa história compartilhada entre Brasil e África, com solidariedade pós-colonialismo e a busca constante por justiça”.

Ela ressaltou a importância da agricultura familiar para a soberania alimentar africana. “Assumo o compromisso da nossa cooperação para garantir que toda família tenha comida e abrigo. Que isso renda resultados positivos para o nosso povo e planeta”, afirmou Dladla.

Programação

A programação do encontro inclui visitas técnicas e de campo. Nesta terça-feira (20), os participantes acompanham iniciativas no entorno de Brasília sobre saúde do solo, bioinsumos, integração lavoura-pecuária e reuso de esgoto. No dia 21/5, o foco será o Vale do São Francisco, com demonstrações de agricultura irrigada, convivência com a seca, rebanhos resistentes e fruticultura tropicalizada.

No encerramento, na quinta-feira (22), ocorre o “Diálogo de Alto Nível”, com painéis sobre sistemas agroalimentares sustentáveis e a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, reunindo governos, bancos multilaterais, cooperativas e entidades de pesquisa.

*Com informações da Agência Gov

Temas

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar