Uma fala do vice-governador de São Paulo, Felicio Ramuth (PSD), acendeu o alerta entre os defensores mais fiéis de Jair Bolsonaro. A insinuação de que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) poderia recusar uma candidatura presidencial de última hora causou indignação entre apoiadores do ex-presidente, que esperam lealdade incondicional de Tarcísio ao projeto bolsonarista.
Durante entrevista ao programa Bastidores CNN, Ramuth disse não ver com bons olhos a possibilidade de o governador paulista surgir como plano B numa eventual substituição de Bolsonaro na corrida ao Palácio do Planalto. O vice fez referência indireta ao movimento articulado pelo PT em 2018, quando Fernando Haddad foi lançado nos últimos dias de campanha para substituir Lula — então impedido judicialmente de concorrer.
"Tarcísio não aceitaria manobra de última hora", diz vice-governador
Ao comentar os bastidores da política, Felicio Ramuth afirmou que a personalidade metódica de Tarcísio não combina com decisões improvisadas. Segundo ele, o governador preza pela organização e não aceitaria ser empurrado para uma candidatura em cima da hora.
“Não é algo que eu tenha ouvido diretamente do governador, mas percebo no cotidiano que ele se dedica profundamente ao que faz e gosta de executar tudo com planejamento. Diante disso, Bolsonaro precisaria bater o martelo ainda neste ano”, avaliou Ramuth.
Ramuth citou o senador Ciro Nogueira (PP) como referência de aliados que defendem uma definição antecipada sobre o futuro do campo bolsonarista. Para ele, o limite ideal seria até o fim do ano, respeitando prazos legais e evitando atropelos.
O vice-governador também reforçou que Tarcísio está bem posicionado para buscar a reeleição em São Paulo. Com índices de aprovação próximos a 60%, segundo pesquisas recentes, ele acredita que o cenário estadual é mais promissor, embora reconheça que o embate com Lula numa disputa presidencial “não será simples”.
Troca de comando no Bandeirantes exigiria desincompatibilização
Caso Tarcísio decida realmente disputar a Presidência, a legislação eleitoral exige que ele se afaste do cargo até abril do ano que vem, seis meses antes da eleição. Nesse cenário, Felicio Ramuth assumiria o posto de governador de São Paulo.
“Conhecendo o perfil do governador, ele não repetiria algo como o que vimos em 2018 com o Lula e o Haddad”, acrescentou Ramuth, enfatizando mais uma vez que esse tipo de solução de última hora estaria fora dos padrões de atuação de Tarcísio.