APURAÇÃO

Zarattini explica por que não é caso de CPI sobre INSS: "PF está trabalhando"

Ao Fórum Onze e Meia, deputado também comentou sobre eleição do PT e principais desafios do governo no Congresso

Deputado Carlos Zarattini (PT-SP).Créditos: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
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O Fórum Onze e Meia desta segunda-feira (19) recebeu o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), que comentou as investigações sobre as fraudes no INSS, a possibilidade de instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) e outros assuntos da política. 

Para o deputado, não há necessidade de uma CPMI uma vez que as investigações da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) ainda estão sendo feitas. "Esse caso continua sendo investigado. Toda hora tem uma ação da Polícia Federal, a CGU continua investigando também. O caso não acabou, não está encerrado. Não tem as denúncias feitas à justiça ainda", destacou Zarattini. 

Desse modo, ele questionou qual seria o objetivo da CPMI. "Investigar o que a Polícia Federal está investigando? Talvez valesse a pena ter uma CPMI se a Polícia Federal não estivesse investigando, estivesse parada. Não é o caso", disse. O deputado ainda ressaltou que o caso de corrupção foi descoberto e divulgado pelo próprio governo.

"De onde surgiu esse escândalo? Da oposição? Foi a oposição que denunciou? Foi a mídia que denunciou? Não, nenhum dos dois. Quem denunciou foi o próprio governo, a CGU e a Polícia Federal. Então, a oposição não teve papel nenhum, nem a mídia, certo?", questionou.

Zarattini ainda considerou importante destacar que o requerimento apresentado no Senado propõe investigação somente a partir de 2023. "E de 2023 para trás, não vai investigar nada? Então, a oposição é muito engraçada, ela quer que investigue só esse governo. E o governo anterior? Nós não vamos levantar nenhum dado, não vamos questionar o antigo presidente do INSS, não vamos questionar o antigo ministro da Previdência, que na época até foi desmembrado esse ministério, foi, aliás, aglutinado lá no Ministério da Economia. Então, como é que vai ser isso?", afirmou o deputado. 

Ele acrescentou que é preciso discutir "se é relevante ter uma CPMI agora. Segundo passo: se for relevante, que seja feito um requerimento que analise toda a situação desde que ela teve início", defendeu. 

Principais desafios do governo no Congresso

Zarattini também analisou os próximos desafios do governo no Congresso Nacional além da CPMI. Ele destacou que os maiores desafios serão a votação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e pressão da oposição para uma cobrança alternativa aos bilionários. 

"Você vê que o Centrão ocupou a relatoria através do Arthur Lira e ele tem dito que vai achar outra forma de compensar. Então, o que que quer dizer isso? Que ninguém vai discutir, ninguém vai questionar, ninguém vai ser contra isentar quem ganha até R$ 5 mil, mas de onde vai vir o dinheiro para compensar?", questionou Zarattini. 

"Nós queremos tirar dos muito ricos. E eles querem fazer o quê? Achar outros caminhos onde toda a sociedade pague por isso. Então, por exemplo, já se citou: 'não, vamos cobrar um adicional dos bancos'. Legal. Só que os bancos fazem o quê? Repassam isso para os seus clientes. Ou seja, todo mundo vai pagar", acrescentou o deputado. 

Outro desafio citado por Zarattini é o debate sobre o fim da escala 6x1. Ele afirmou que a base do governo tem que "dar tração" para a votação do projeto na CCJ. Já o terceiro desafio será a votação do orçamento do governo para o ano que vem. Nós precisamos ter um orçamento que garanta os programas sociais, que garanta os investimentos que façam o Brasil crescer", disse.

"Por outro lado, a oposição vai querer um orçamento que impeça o governo de trabalhar. Então, o grande desafio desse segundo semestre vai ser enfrentar esses três temas, no meu modo de ver", afirmou o deputado. 

Eleição do PT

Outro tema debatido por Zarattini foi a eleição para a presidência nacional do Partido dos Trabalhadores (PT). Ele disse considerar a eleição muito importante já que faz seis anos que o partido não muda de direção. "É um momento importante para nós, é um momento de renovação política do partido. A gente precisa que muitas direções sejam efetivamente renovadas", ressaltou. 

O deputado afirmou que, além da eleição, também acha fundamental que o PT realize, após a votação, seus encontros municipais, estaduais e um encontro nacional, onde, de fato, será discutida a política que o partido vai adotar nos próximos anos.

"Isso vai ser muito importante pra gente discutir a política efetiva que nós vamos ter para o próximo período. E isso significa também quais são as diretrizes que nós vamos ter de programa de governo para a reeleição do presidente Lula". 

Ele explicou que esses encontros são fundamentais para a escolha de um programa de governo "vigoroso de mudanças efetivas para melhorar a vida do povo brasileiro. Tem grandes desafios no país que têm que ser enfrentados. Tem o desafio da saúde, da educação, da segurança pública e da habitação. São 10 milhões de famílias morando em situação precária no país", destacou. 

O deputado afirmou, ainda, que o programa de governo deve tratar de todos os setores, mas deve ter metas específicas em algumas áreas para poder apresentar à sociedade e falar. "Nós vamos vencer esse desafio no próximo período. Vamos resolver problemas efetivos que estão colocados", completou Zarattini. 

Confira a entrevista completa do deputado Carlos Zarattini ao Fórum Onze e Meia

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