A primeira-dama Janja Lula da Silva rompeu o silêncio nesta segunda-feira (19) sobre a conversa que teve com o presidente chinês Xi Jinping a respeito dos riscos que o TikTok vem oferecendo a mulheres, crianças e adolescentes no Brasil.
Durante um jantar com o presidente da China na última semana, Janja, após Lula introduzir o assunto, pediu a palavra para expor sua preocupação sobre a forma como o aplicativo chinês opera no Brasil. A fala se deu em um contexto reservado, e algum dos presentes vazou a conversa à imprensa, gerando boatos sobre "climão" com Xi Jinping e ataques à primeira-dama.
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Durante a cerimônia de abertura da Semana Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, em Brasília, Janja resolveu comentar o assunto e rebater os críticos.
"O diálogo constante, o acompanhamento responsável, a definição de limites e a responsabilização das plataformas digitais são medidas igualmente indispensáveis para a sua proteção. E aqui eu faço uma pausa para falar que em nenhum momento eu calarei a minha voz para falar sobre isso. Em nenhum momento, em nenhuma oportunidade. Não há protocolo que me faça calar, se eu tiver uma oportunidade de falar sobre isso com qualquer pessoa que seja, do maior grau ao menor grau, do mais alto nível a qualquer cidadão comum", disse Janja.
"Então, eu quero dizer que a minha voz, vocês podem ter certeza que vai ser usada para isso. E foi para isso que ela foi usada na semana passada, quando eu me dirigi ao presidente Xi Jinping, após a fala do meu marido sobre uma rede social. Então, eu quero dizer que eu, como mulher, não admito que alguém me dirija dizendo que eu tenho que ficar calada. Eu não me calarei quando foi para proteger a vida das nossas crianças e dos nossos adolescentes. Desculpe, mas eu precisava falar isso. É urgente a regulamentação dos espaços digitais", prosseguiu a primeira-dama.
Veja vídeo:
Lula desmente boato sobre "climão" com Xi Jinping
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante entrevista coletiva em Pequim na última terça-feira (13), desmentiu de forma enfática a especulação de que teria havido um “climão” entre a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, e o presidente da China, Xi Jinping, por causa de um comentário sobre o TikTok. Segundo Lula, foi ele próprio quem introduziu o tema da regulação das redes digitais no jantar oficial com o líder chinês.
“Eu perguntei ao companheiro Xi Jinping se era possível ele enviar para o Brasil uma pessoa da confiança dele para a gente discutir a questão digital, e sobretudo o TikTok”, afirmou o presidente, reforçando que a participação de Janja foi pertinente e respeitosa.
“E aí, a Janja pediu a palavra para explicar o que está acontecendo no Brasil, sobretudo contra as mulheres e contra as crianças".
A fala de Lula veio em resposta à resposta a uma pergunta de um jornalista sobre um artigo de Andréia Sadi e Valdo Cruz publicado no site G1 que relatava suposto "climão" no encontro, descrevendo a postura de Janja como “desrespeitosa” e “fora de protocolo”. O presidente repudiou essas interpretações e foi direto ao ponto:
“O fato da minha mulher pedir a palavra é porque ela não é cidadã de segunda classe. Ela entende mais de direito digital do que eu e resolveu falar".
A primeira-dama tem sido uma das vozes mais ativas no debate sobre a regulamentação das redes sociais, especialmente após a morte de uma menina de oito anos no Distrito Federal, supostamente em decorrência de um desafio viral promovido na plataforma TikTok. Durante o encontro com Xi Jinping, Janja teria alertado para os efeitos nocivos da plataforma, mencionando o impacto especialmente sobre mulheres e crianças – um tema de relevância global.
Para Lula, o conteúdo da conversa com o líder chinês era confidencial e sua divulgação na imprensa causou estranheza. “Primeira coisa que eu acho estranho é como essa pergunta chegou à imprensa, porque estavam só meus ministros lá. Então, alguém teve a pachorra de ligar para alguém e contar uma conversa que aconteceu durante o jantar, algo muito, muito confidencial e pessoal”, criticou.
Rebatendo o suposto incômodo de membros da comitiva, Lula foi taxativo:
“Eu vi na matéria que um ministro estava incomodado. Se um ministro estivesse incomodado, ele deveria ter me procurado e pedido para sair. Eu autorizaria ele a sair de lá".
O presidente também enfatizou que Xi Jinping respondeu de forma respeitosa, reconhecendo que o Brasil tem pleno direito de regular as plataformas digitais, incluindo o TikTok. Segundo Lula, o mandatário chinês se comprometeu a enviar um representante ao país para aprofundar a discussão.
“Não é possível que continuemos com as redes sociais cometendo os absurdos que cometem. Foi uma coisa normal, e ele [Xi] vai mandar uma pessoa especialmente para conversar conosco sobre o que podemos fazer nesse mundo digital”, declarou Lula.
