A borda mais ensandecida do bolsonarismo esteve em exposição neste domingo, 6, na avenida Paulista.
A reportagem da revista Fórum chegou bem cedo ao evento justamente para ter acesso àqueles que se concentraram mais próximos do palco -- é o supra-sumo do movimento, que faz questão de ver Jair Bolsonaro de perto.
O irlandês Clive Staples Lewis descreveu o mundo fantástico de Nárnia e não é exagero dizer que o mesmo vale para uma franja do bolsonarismo.
Várias sub-celebridades deste planeta paralelo foram acossadas por manifestantes nos bastidores da manifestação, como o desembargador aposentado Sebastião Coelho, o padre Kelmon e os sósias de Lula e Alexandre de Moraes.
Como se fosse uma Disneylândia turbinada por esteróides, uma bolsonarista dirigiu-se ao deputado federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança para dizer que recentemente havia "descoberto" que a Proclamação da República tinha sido "um golpe".
O deputado afirmou à Fórum que o retorno da monarquia é uma questão de tempo, que depende de resgatar apoio popular e que o futuro rei do Brasil será seu tio, Dom Rafael de Orleans e Bragança.
Bíblia e Moeda
Tirando proveito do fanatismo e à moda do que acontece nos Estados Unidos com Donald Trump, várias barracas foram montadas tentando faturar sobre os militantes.
Uma delas oferecia a Bíblia do "patriota" a 100 reais.
Na internet, é possível comprar a Bíblia por menos de 10 reais, mas neste caso tratava-se de uma edição "anotada".
A edição especial de uma nota de real estampada com a efígie de Jair Bolsonaro era vendida por 30 reais.
Mas, não é só: em breve, será lançada a nota com Trump e Bolsonaro no mesmo "dinheiro fake".
Para além do oportunismo, havia gente profundamente convencida de que Deus vai interferir por Jair Bolsonaro.
O prazo de 72 horas, repetidamente citado pelo repórter, foi aceito como parâmetro para uma mudança repentina.
Dos entrevistados, só um disse que não levará chocolate ou cigarros a Jair Bolsonaro se ele eventualmente for preso -- não consta que o ex-presidente fume.
Sobre Donald Trump, enquanto alguns disseram que não é justo esperar por intervenção estrangeira, outros argumentaram que é questão de tempo até que sejam adotadas as sanções da lei Magnitsky, que podem impedir Alexandre de Moraes e outros de visitarem os Estados Unidos.
A reportagem da Fórum insistiu no fato de que o termo "patriota" não é compatível com alguém que defende o tarifaço dos Estados Unidos contra o Brasil. Em resposta, recebeu o argumento de que Trump é ele mesmo um "patriota" ou de que Eduardo Bolsonaro, hoje morando nos EUA, evitou que a "punição" de Trump ao Brasil fosse maior.
Lula está morto desde 2022
A reportagem da Fórum se perdeu durante quase meia hora com uma senhora que insistiu em mostrar um vídeo segundo o qual Lula está morto desde fevereiro de 2022.
Ela nos contou que se informa pelo whatsapp e está certa de que o pastor do vídeo acima citado falou a verdade: Lula morreu.
A entrevistada afirmou que um conhecido tem um sobrinho muito parecido com Lula, que teria desaparecido supostamente depois de ser convocado para desempenhar o papel de clone.
De acordo com a senhora, os clones são descartados e substituídos continuamente -- na contagem dela, o Lula no poder pode ser o clone de número seis ou sete.
A Revista Fórum registrou todas as entrevistas em vídeo, porém se reserva o direito de não causar constrangimento a terceiros por declarações sujeitas a escárnio público.
