Uma figura ainda desconhecida do grande público, mas com laços com o clã Bolsonaro, teria aprontado uma confusão nos altos círculos políticos da extrema direita de Brasília e deixado figurões do PL furiosos. Trata-se de Eduardo Torres, irmão da ex-primeira-dama Michelle. A informação é da colunista Bela Megale, do diário carioca O Globo.
Eduardo teria arranjado um cargo no Partido Liberal, comandado pelo cunhado, o ex-presidente Jair Bolsonaro, e no qual sua irmã dirige o setor de mulheres da sigla. Dito isso, a história de inconveniência e petulância começa com uma visita dele à casa do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres, o delegado de carreira da PF que está enrolado até o pescoço na tentativa fracassada de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023 que acabou por torná-lo réu no STF, integrando o chamado “núcleo crucial”.
Na residência de Anderson Torres, Eduardo teria iniciado uma conversa com o ex-ministro réu e então teria dito a ele que sua presença ali era para avisar que, caso considerasse a possibilidade de ser candidato ao governo do Distrito Federal no ano que vem, era preciso saber que sua irmã, Michelle Bolsonaro, já teria deixado claro que sua candidata é Celina Leão, a atual vice-governadora do DF, e que, portanto, não teria apoio dentro do PL.
O problema é que versões apresentadas posteriormente tornam a visita surpresa ainda pior. De acordo com interlocutores que tomaram conhecido do ocorrido na casa de Anderson Torres, o tom teria sido ainda mais direto e acintoso, com um recado expresso para que o ex-ministro saísse de cena no que diz respeito à questão político-eleitoral do DF.
Após contar o ocorrido a integrantes da sigla, a atitude de Eduardo Torres passou a ser tratada como um grave incômodo, uma vez que Anderson Torres está numa situação difícil como réu integrante do principal grupo acusado de ter tentado um golpe de Estado, monitorado 24 horas por tornozeleira eletrônica e abertamente preocupado com sua defesa, até então sem manifestar interesses eleitorais para o ano de 2026. O fato bizarro chegou então aos ouvidos de Jair Bolsonaro.
Segundo as fontes referidas pela colunista, o ex-presidente teria se solidarizado com seu antigo ministro e manifestado apoio público a ele. Bolsonaro ainda mandou dizer a Anderson Torres que ele deve continuar ativo no PL do Distrito Federal e que, se julgar que pode e deve ser candidato no ano que vem, terá seu apoio, algo lido como um claro corte seco em sua própria esposa, que teria entrado em campo para emplacar o nome de Celina Leão.
De acordo com integrantes do partido, Eduardo teria chegado a discutir feio com caciques da legenda após ter sido questionado sobre sua atitude de procurar o ex-ministro réu para colocá-lo contra a parede. Depois disso, ele teria ido outra vez à casa de Anderson Torres, só que agora para informar que Jair Bolsonaro estaria ao lado dele. A atitude tem sido lida por muita gente do universo político de Brasília como uma tentativa de Michelle de demonstrar poder no partido para além das rédeas de seu marido.