O procurador-geral da República, Paulo Gonet, indicou o subprocurador-geral José Adonis Callou para coordenar o recém-criado Gaeco Nacional, grupo especial que pretende atuar no enfrentamento ao crime organizado em escala nacional. As informações são da coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo.
A nomeação de Callou, que já foi chefe do grupo da Lava Jato na Procuradoria-Geral da República (PGR), reacendeu o debate sobre o legado da operação e provocou críticas do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, considerado um dos maiores criminalistas do país.
Aprovado pelo Conselho Superior do Ministério Público Federal (MPF), Callou coordenará um colegiado de 16 integrantes. O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) terá como atribuição principal atuar em casos de corrupção, lavagem de dinheiro, atuação de milícias, facções criminosas como o PCC, crimes contra o Estado democrático de Direito, além de atentados contra povos indígenas.
A escolha de Callou não é neutra. Ele chegou a compor a última lista tríplice para o comando da PGR – desconsiderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nomeou Paulo Gonet para o cargo. Na Lava Jato, Callou liderava as investigações relacionadas a políticos com foro no Supremo Tribunal Federal (STF), além de manter interlocução com as forças-tarefas nos estados. Ele deixou o posto durante a gestão de Augusto Aras, alegando insatisfação com a falta de autonomia prometida pelo então PGR.
"Agora vai"
A nomeação foi recebida com preocupação por críticos da Lava Jato. Em nota, o advogado Kakay, lembrou que os principais nomes da operação, entre eles o ex-procurador Deltan Dallagnol e o ex-juiz Sergio Moro, são alvo de um relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), aprovado em plenário em junho de 2024, apontando crimes de corrupção, peculato e organização criminosa.
"O relatório aprovado pelo CNJ imputando corrupção, peculato e organização criminosa aos líderes da lavajato: Moro, Deltan e outros foi aprovado em plenário em junho de 2024. Está há 10 longos meses na gaveta do Dr Paulo Gonet, ou de um subprocurador por ele designado. O PGR tem até o direito de arquivar, mas, com a devida vênia, tem que se manifestar. Não é uma notícia de crime feita por um advogado. É uma decisão do plenário do Conselho Nacional de Justiça!! Agora o Dr Gonet indica um coordenador da equipe da Operação Lavajato para ser o chefe do Gaeco Nacional. O Gaeco é o grupo criado para combater o crime organizado em todo o país. Agora vai!”, ironizou Kakay.