INTERNAÇÃO

Popcorn: casca de pipoca pode ter causado internação de Bolsonaro, que será levado a Brasília

"É igual a um ralo, vai juntando cabelo e vai obstruindo", afirmou Cláudio Birolini, médico pessoal de Bolsonaro, ao listar alimentos que podem ter obstruído o intestino. Por decisão pessoal, ex-presidente será levado à capital em avião com UTI

Pop corn and ice cream: Jair Bolsonaro lê mensagem em inglês no ato na Paulista.Créditos: Divulgação / Silas Malafaia
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Em entrevista na manhã deste sábado (12), o diretor médico do Hospital Rio Grande, Luiz Roberto Leite Fonseca, anunciou que por decisão pessoal, Jair Bolsonaro (PL) será transferido para Brasília durante a tarde por uma aeronave médica, com Unidade de Tratamento Intensivo.

"Por decisão pessoal do senhor ex-presidente, com a família e o médico pessoal, Claudio Birolini, visando a proximidade com entes queridos, ele será transferido em aeromédico para Brasília", afirmou.

O médico ainda leu o boletim médico que mostra que o quadro é estável e que Bolsonaro teve uma noite tranquila com mais de 8 horas de sono, sem necessidade de analgesia.

Birolini, que viajou de São Paulo para Natal e vai acompanhar Bolsonaro até Brasília, descartou "no momento" a realização de uma nova cirurgia. 

O médico, que acompanha Bolsonaro, diz que a obstrução intestinal pode ter sido causado por alimentos, citando como exemplo a casca de pipoca.

"É igual a um ralo, vai juntando cabelo e vai obstruindo", afirmou. Em seu discurso no ato da Paulista, Bolsonaro leu uma mensagem em inglês dizendo que "Popcorn and ice cream sellers sentenced for coup d’État in Brazil". 

A frase, que significa "Vendedores de pipoca e sorvete foram condenados por tentativa de golpe de estado no Brasil", rapidamente viralizou nas redes sociais.

Cirurgiões oncológicos

No início da noite desta sexta-feira (11), ao divulgar o segundo boletim médico, o hospital Rio Grande afirma que Bolsonaro "permanece hospitalizado, sob os cuidados da equipe médica e multiprofissional do Hospital Rio Grande, com acompanhamento clínico contínuo e supervisão direta da equipe cirúrgica composta pelos Drs. Élio Barreto e Leonardo Barreto".

Elio e Leonardo Barreto são cirurgiões oncológicos, ramo da medicina especializado no tratamento do câncer. Os dois médicos são irmãos e têm uma clínica especializado no tratamento oncológico na capital potiguar.

"Há 12 anos sou CIRURGIÃO ONCOLÓGICO, especialidade que exerço diariamente com paixão e dedicação, na companhia de Elio Barreto, meu irmão e ídolo", escreveu Leonardo Barreto no Instagram, onde se revela um seguidor radical de Bolsonaro.

Em entrevista durante a divulgação do boletim médico, Luiz Roberto Leite Fonseca, diretor médico, afirmou que um andar inteiro do Hospital Rio Grande foi reservado para Bolsonaro "por questões de segurança".

"Um andar inteiro por questões de segurança, por óbvio que a prerrogativa do cargo impõe esse tipo de medida, sem nenhum tipo de prejuízo ao funcionamento do hospital. O hospital tem 330 leitos, então a gente consegue fazer essa assistência sem mudar a rotina do hospital", disse Fonseca.

Antônio Luiz Macedo

Nesta sexta-feira, em entrevista à CNN, Antônio Luiz Macedo, não descartou uma nova cirurgia e fez suspense sobre o quadro de saúde de Bolsonaro, a quem acompanha desde o episódio da facada, em 2018.

"Bolsonaro já fez comigo cinco cirurgias abdominais, três extremamente delicadas, extremamente graves, que foram cirurgias demoradíssimas, e mais duas que foram menores”, disse Macedo.

Em seguida, ele não descartou nova intervenção. “Do jeito que eu vi, como as coisas estão sendo levadas hoje, eu não descarto a possibilidade dele ter que ser encaminhado aqui para São Paulo, para que o doutor Leandro Echenique, que é o clínico dele em todas as cirurgias e eu possamos fazer o trabalho de socorrer o presidente”, afirmou.

Internação
Nesta sexta-feira (11), dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) publicou o acórdão da decisão da primeira turma que o tornou réu, Jair Bolsonaro foi internado às pressas em um hospital na cidade de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte.

O ex-presidente sentiu "fortes dores em decorrência da facada que sofreu em 2018" e foi à emergência do hospital procurar atendimento médico.

Bolsonaro sentiu "indisposição" quando estava na estrada. Pessoas próximas teriam dito que "ele vinha sofrendo de obstrução intestinal há alguns dias". Bolsonaro está sendo transferido para Natal.

Réu oficialmente

A internação de Bolsonaro aconteceu horas após o Supremo Tribunal Federal (STF) publicar o acórdão da decisão da primeira turma, que tornou o ex-presidente e outros sete comparsas do núcleo "crucial" da organização criminosa réus por tentativa de golpe.

Com a publicação do acórdão, os réus terão cinco dias para apresentarem as defesas prévias, expondo argumentos e indicando testemunhas. Na prática, o documento dá a largada para o julgamento do mérito da ação criminal.

O acórdão mostra que a denúncia feita pelo Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, foi integralmente recebida pela primeira turma.

Dessa forma, a decisão transformou em réus o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, o ex-diretor da Polícia Federal Anderson Torres, o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, delator do caso, o ex-ministro da Defesa, Pualo Sérgio Nogueira, e o general Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e ex-ministro da Defesa.

Segundo o acórdão, eles responderão pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima, e deterioração de patrimônio tombado. 

Bolsonaro ainda responde por ser o líder da organização criminosa golpista.

Após os réus apresentarem as defesas, as testemunhas serão ouvidas e, em seguida, acontece o interrogatório dos acusados. Será quando Bolsonaro e seus cúmplices sentarão no banco dos réus.

Em seguida, Alexandre de Moraes, relator do caso, fará seu parecer e dará seu voto. Ele também poderá pedir a inclusão do caso na pauta para que se dê a votação dos demais ministros da primeira turma.
 

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