Com um estandarte registrando a ascensão do neonazismo, a torcida antifascista do Corinthians denunciou ontem o ex-presidente Jair Bolsonaro, o governador paulista Tarcísio de Freitas e o secretário de Segurança Pública Guilherme Derrite como "herdeiros" da ditadura militar.
Os três atingiram a patente de capitão no Exército brasileiro e na PM paulista, antes de mergulhar na política.
Os corinthianos participaram do tradicional Cordão da Mentira, bloco que há mais de uma década desfila pelas ruas de São Paulo no Dia da Mentira, para relembrar a ditadura que infelicitou o Brasil durante vinte e um anos (1964-1985).
Embora o golpe contra João Goulart tenha se consolidado no Dia da Mentira, para fugir dele os militares retrocederam um dia e passaram a celebrar a "Revolução" em 31 de março.
Os capitães do mato
Indígenas, integrantes dos movimentos negro e LGBTQIA+ e vítimas da ditadura, como o ex-deputado federal José Genoíno, se juntaram no Pátio do Colégio, em São Paulo, para denunciar a persistência do regime que prendeu, matou, desapareceu, censurou e arrochou a população -- hoje representado por políticos como Bolsonaro, Tarcísio e Derrite.
O desfile foi aberto pelas Mães de Maio. Dezenas de mães das periferias de São Paulo e do Rio de Janeiro, cujos filhos foram assassinados pela Polícia Militar, relembraram suas perdas numa cerimônia que antecedeu o desfile.
Projeções nos prédios do centro de São Paulo denunciaram a tentativa de anistiar Jair Bolsonaro e aqueles que recentemente se tornaram réus no Supremo Tribunal Federal pela tentativa de golpe de 2022/2023.
O desfile foi sob o som de sambas enredo, um dos quais intitulado "Não conta comigo".
"Tem facínora botando a cara, é gente que eu nem imaginava, que sentou conosco nesta mesa, dividiu um copo de cerveja, é pobre votando em patrão, favelado em capitão", dizia o trecho de uma das letras.
Noutra, sobre o "Fim dos Tempos", um alerta dirigido ao bolsonarismo: "A tua hora chegou, desinventa teu terror, venha o que vier, a gente enfrenta, derruba, arrebenta".
