LIVRE-COMÉRCIO

Lula anuncia venda de aviões da Embraer ao Japão e reforça multilateralismo

"Não queremos mais muro, nem guerra fria, não queremos mais ser prisioneiros da ignorância. Queremos ser livres", diz presidente em resposta ao protecionismo de Trump

Lula fecha acordos econômicos com o Japão.Créditos: Ricardo Stuckert/PR
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou no Fórum Empresarial Brasil – Japão, em Tóquio, nesta quarta (26) e reforçou o multilateralismo contra o protecionismo econômico. Sem citar Donald Trump ou os Estados Unidos, Lula mencionou três desafios que devem ser prioridade para os líderes mundiais.

Segundo o presidente, a postura de países que negam a instabilidade climática e descumprem acordos como o de Kyoto não vai trazer nenhum benefício para a humanidade. É preciso que haja livre-comércio e multilateralismo econômico, cultural e tecnológico.

“A democracia corre risco no planeta, com eleição de extrema-direita negacionista, que não reconhece sequer vacina, instabilidade climática, partidos políticos e sindicatos. Nós não podemos voltar a defender o protecionismo, não queremos uma segunda Guerra Fria, queremos comércio livre, para que os países se estabeleçam no movimento da democracia, no crescimento econômico e na distribuição de riquezas. É muito importante a relação entre os povos”

Lula em discurso no Japão. Foto: Ricardo Stuckert / PR

Desde janeiro, o governo Trump tem adotado um viés protecionista ao impor tarifas a parceiros comerciais. Nesta matéria explicamos o que está por trás das taxações. O Brasil vem se colocando como um importante “porta-voz” da democracia no mundo desde que Trump ameaçou a soberania dos países. Ampliar os laços comerciais e diplomáticos para além das superpotências China e Estados Unidos tem sido uma estratégia também adotada por outras nações no cenário geopolítico.

Assista o discurso de Lula

Japão compra jatos da Embraer

Ainda no discurso de encerramento do Fórum Empresarial Brasil – Japão, Lula confirmou que a Embraer vai vender 15 aviões do modelo E-190 para a All Nippon Airways (ANA), uma das maiores operadoras aéreas do país nipônico. O presidente destacou ainda que serão estabelecidos 10 acordos de cooperação entre os países, acompanhados de 80 convênios entre instituições como empresas, bancos e universidades.

“Significa o equivalente a quase 10 bilhões de reais em investimentos que a companhia aérea japonesa está fazendo na Embraer. Esse trabalho comercial que está sendo feito hoje, do governo do presidente Lula com a Embraer, tem sido importante e estratégico para o desenvolvimento da aviação brasileira”, destacou o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.

Em tom descontraído, o presidente sugeriu aos empresários que as vendas poderiam ser ainda maiores. "A Embraer tornou-se a terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo e tem mercado importante aqui no Japão. Posso dizer ao primeiro-ministro Ishiba que são de muita qualidade os aviões da Embraer. Quem compra 20 pode comprar um pouco mais e quem sabe todas as empresas japonesas podem voar de avião da Embraer", disse.

Aqui no Brasil, Silvio destacou que está em curso uma negociação para que a aviação japonesa adote o Combustível Sustentável de Aviação (SAF) em suas operações. Esse combustível alternativo ao querosene de aviação tradicional é produzido a partir de matérias-primas renováveis, como resíduos agrícolas, óleo de cozinha usado, gorduras, cana-de-açúcar e milho, atendendo a padrões de sustentabilidade. Pode ser utilizado puro ou misturado, conforme requisitos técnicos de segurança, e o Brasil tem grande expertise nesse setor.

“As companhias aéreas japonesas têm total interesse em poder voar através do SAF e o Brasil tende a ser, no futuro, um grande exportador desse combustível”, comentou. O incentivo à formação de mão de obra especializada para a indústria aeronáutica no Brasil foi outro tema abordado por Silvio Costa Filho, que ressaltou o trabalho do governo nesse sentido.

“A gente cada vez mais quer estruturar um grande plano para preparar os jovens para esse mercado que se desenha no Brasil, da aviação. Estamos fazendo um grande programa de qualificação e de capacitação para inserir os jovens. Isso vai gerar emprego, renda, movimentar a economia e é prioridade do Governo Federal”

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